sexta-feira, maio 20, 2005

Cenas da vida de um editor do AVP - II


AV1 já mais crescido, coçando-se alegremente
(Sim ! AV1 também é transformista, antes era ouriço, agora é esquilo ou coelho, ou lá o que é.)

Já aqui chegou, conforme prometido, a 2ª parte da Primeira Infância de AV1, o malévolo editor do AVP que tem o plano de dominar o mundo a partir da conquista da CMM.

A Primeira Infância – II

Após os primeiros meses na Terra, tornou-se necessário a AV1 adoptar as técnicas humanas básicas de comunicação inter-pessoal. Sendo seu objectivo a dominação global e o estabelecimento do caos entre os humanos do concelho da Moita, o domínio da linguagem era uma etapa essencial para o sucesso dos seus planos maquiavélicos.
O primeiro problema, e isso apesar da sua extrema facilidade em assimilar linguagens estranhas, foi o de detectar todos os cambiantes fonéticos e os dialectos usados na zona pelos indígenas que transfiguram por completo a língua portuguesa. Terra de confluência de gentes de muitas origens, Alhos vedros “beneficia” ainda da proximidade e subordinação ao poder da Moita, terra onde se estabeleceu um linguajar muito particular que – ao contrário de áreas de Lisboa e da linha de Cascais onde é costume desaparecerem sons ou sílabas inteiras das palavras (“pe’cebe”, “te’fonar”) – se caracteriza pela introdução de vogais desnecessárias por tudo e por nada, desde que sirvam para enrolar a língua e abrir muito ao boca ao falar – tipo “treuze”, “Igreija”, “azuleijo”, “Teijo” (rio e nome de cão), “carangueijo”.
Um segundo problema resultou do volume de som usado normalmente pelos humanos para comunicarem entre si, em especial quando se diirigem a crianças, idosos e estrangeiros, como se todos fossem surdos ou como se falando mais alto se passassem a adquirir propriedades de tradução simultânea do conteúdo. Por isso, e por ser dotado de uma acuidade auditiva extrema como todos os Cocônios (naturais do planeta Côcô), AV1 sempre sofreu muito com aberraria produzida por aqueles que pretndiam comunicar com ele e precisou de desenvolver estratégias defensivas eficazes para agfastar o perigo. A solução passou por responder da mesma forma, aos guinchos, acrescentando abundante perdigotagem com elevado teor ácido na direcção da cara dos interlocutores mais próximos. Desta forma, a intensa comichão provocada nas zonas atingidas tinha um duplo efeito: fazia com que a criatura berradora se afastasse e se mantivesse ocupada, coçando-se como se não houvesse amanhã.
O terceiro problema foi ocultar o seu rápido domínio da linguagem mas, ao mesmo tempo, embaraçar os humanos sem que eles percebessem que era propositado. Dotado de elevadíssima perspicácia e capacidade de ler pensamentos idiotas, AV1 entreteve-se entre os 6 e os 15 meses da sua vida terráquea a emitir palavras e expressões isoladas, aparentemente incoerentes e inocentes, que pudessem revelar detalhes confidenciais embaraçosos das criaturas que o rodeavam e que ele considerava serem mais detestáveis (tipos "moiteiros").
“Flatulento”, “rabicho”, “bisbilhoteira descarada”, “escarrador compulsivo”, “adúltera ninfomaníaca”, “chulézento”, “limpa o cerol das orelhas, ó colmeia ambulante”, “as tuas cuecas cheiram pior que uma chaminé da CUF” eram apenas algumas das preciosidades que AV1 soltava em lugares preferencialmente públicos, de convívio social, como hospitais, correios, mercearias ou transportes, quando não o fazia por puro gozo quando ia pela rua dentro do seu carrinho.
O facto se ser um bébé com ar “fôfiiiinho” (ver imagem), impedia a reacção exaltada do(a)s visado(a)s, que preferiam armar um sorriso amarelo, encolher os ombros e seguirem em frente com ar de “vejam lá o raio do miúdo”, enquando se roíam todo(a)s por dentro com receio de quem tivesse ouvido a verdade escondida.

(Continua... no Domingo)

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