O problema é a excessiva dimensão do Estado
Este é o chavão recorrente usado à vez, conforme a oportunidade, por Oposição e Situação, sempre que se debate o desiquilíbrio das contas públicas.
É um argumento profundamente desonesto, em especial quando é usado por alguém dos partidos do regime (PS e PSD) que governaram Portugal nos últimos 30 anos, sozinhos ou em coligação (entre si ou como CDS como muleta). Se houve quem tenha engordado o Estado com as suas clientelas foram estes dois partidos que se serviram do Estado para alimentar as bocas famintas dos seus aparelhos partidários,desde a base até ao topo da Administração Pública.
A desonestidade, política e intelectual, é enorme se tivermos em conta que:
a) Não é o grosso dos funcionários públicos que fazem o seu trabalho que fazem peso ao Estado. Pelo contrário, os funcionários que trabalham permitem ao Estado assegurar as suas funções essenciais. O problema são aqueles que lá aparecem, caídos de pára-quedas e que, graças a contactos clientelas/familiares e a profunda inépcia na sua área profissional, vão para os Ministérios como forma de receberem uma espécie de Rendimento Médio sem fazerem nada em troca. Ainda hoje encontrei uma dessas almas que, "por conta das férias" (dito com um sorriso), está de ponte até á próxima segunda -feira porque, continuo a citar, "nestes dias nem vale a pena ir trabalhar, porque ninguém faz nada". No outro extremo, temos colocações como a recentíssima nomeação de Fernando Gomes para a administração da GALP pois o homem, sem ser à custa da política, não tem aptidões para nada, em geral ou particular. Agora resta saber o que prometeram ao Marciso para ceder na candidatura à Câmara de Matosinhos.
b) Ao contrário do que se diz, o Estado tem menos peso na economia actualmente do que na maior parte do século XX - e talvez XIX - porque esse "peso" não se mede apenas pela intervenção directa (posse) em empresas de produção de bens ou prestação de serviços. Durante o Estado Novo, a Lei do Condicionamento Industrial ou mesmo a orgânica económica corporativista do regime levavam a um controle bem mais apertado da Economia pelo Estado do que gosta de fazer crer em certos meios. O que se passou em 1974/75 apenas foi a formalização de um take-over do Estado sobre os "privados" em certos grupos económicos que só floresciam graças ao beneplácito público. Neste particular, apenas Champallimaud - com todos os seus defeitos e virtudes - se rebelou e cresceu em conflito latente com o Estado. O resto são flores para encobrir o essencial, e que é o facto de, neste momento, o Estado ser ao nível do topo ocupado por um pessoal político que para lá vai aplainar o seu futuro no sector privado ou retribuir benesses recebidas. Cortem muito do fluxo financeiro do Estado para certos bolsos de grupos económicos privados (banca, seguros, cimentos) de "sucesso" e 2-3% do défice desaparecem como que por milagre.
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