Não gosto de deixar passar em claro algumas críticas que me são dirigidas, mesmo quando ficam perdidas em caixas de comentários por aí fora.
Escrevia um anônimo genuíno, com evidente irritação, que eu escrevo sobre "TUDO, mas TUDO mesmo".
A pessoa tem a sua razão, as em minha defesa alegarei que esse facto, que se espelha no meu próprio currículo, já me trouxe mais dissabores do que bons sabores.
Apenas um exemplo:
Em finais dos anos 90 concorri a um emprego numa instituição de mediana reputação no seu ramo (sediada bem longe daqui, não comecem já com insinuações) que pretendia recrutar um quadro com um determinado perfil, em termos de formação académica e qualificação profissional, o qual eu achava (e acho) ter.
Só que, para além dessa faceta, lá no currículo que mandei, iam o resto das qualificações e experiência profissional, pois não ia estar a sonegar informação.
Chega-se à fase de entrevista pessoal e qual é o problema ? Exactamente o facto de ter um leque de experiências e interesses, no plano do trabalho desenvolvido, demasiado diversificado, mesmo se continha o que era pedido para a função em causa.
Para mais, o entrevistador e eu conhecíamo-nos de nome, tínhamos conhecimentos comuns e até áreas de trabalho algo adjacentes, sendo separados, no entanto, por uma geração.
Lá me defendi, dizendo que saber mais não deve ser impeditivo ou desvantagem, se soubermos aquilo que nos é exigido para o lugar a que concorremos.
O homem não se comoveu.
Não ! Aparentemente, o facto de eu ter um currículo profissional que extravasava a área para que precisavam de alguém ia ser um handicap. Eu poderia vir a criar problemas (que raio de ideia !). Não me disse isso com as palavras todas, mas eu entendi.
Lá fiquei em 2º lugar na lista de candidatos, ultrapassado por um recém-licenciado, sem qualquer currículo que não o facto de ter escrito uns artigos de jornal.
Felizmente, alguém atrás de mim na lista também não gostou do método de classificação e armou barraca, levando ao reinício de todo o processo de recrutamento, ao qual já não concorri, pois não gosto de me meter em sítios onde não sou bem recebido ou desejado.
Mas a partir dessa altura, aprendi a fazer currículos adequados a cada situação.
E, se nem sempre resultou, pelo menos não voltei a ser acusado de ter um currículo demasiado diversificado.
Agora sou, conforme as necessidades, especialista na perna esquerda nº 27 da centopeia ou nas antenas direitas das caracoletas riscadinhas.
Longe de mim escrever que penso que percebo de todo o reino animal.
Mas aqui no blog, como sou "anónimo", o pé foge-me e lá desato a escrevinhar sobre tudo e nada.
Vou-me tentar dominar, mas duvido que consiga.
AV1
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2 comentários:
Este país parece uma conspiração de estúpidos...
Também já me aconteceu ter "demasiado" curriculum para um emprego, Portugal se não existisse teria mesmo que ser inventado.
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