quinta-feira, março 02, 2006

Os Transportes no Concelho

Já escrevi sobre isso ainda antes das autárquicas e repeti hoje em comentário a este texto de Nuno Cavaco no Banheirense.
Uma discussão séria da questão dos transportes no concelho, não pode passar pela aplicação acrítica dos ditames generalistas ditados pelo PCP/CDU que tem fraca aplicabilidade local.
No nosso concelho, ferrovia e rodovia só competem em pequena parte da sua área e a defesa da linha do Sado não deve ser feita com artifícios de retórica e cortinas de fumo populistas, quando o que está em jogo são interesses particulares de grupo.
A questão dos transportes no concelho, se é para ser a sério, não se discute com base nos interesses particulares de alguns erigidos em interesses gerais da comunidade.
No nosso concelho os problemas que se colocam são ao nível da deslocação de pessoas, em especial de idosos, de zonas periurbanas ou rurais para os centros, quando precisam de resolver problemas burocráticos ou fazer compras. Ou então, a deslocação de quem - de zonas mais afastadas - não quer levar o carro até ao interface do Barreiro ou a estações ferrovárias sem condições de estacionamento, como se passa em Alhos Vedros, na Baixa da Banheira ou até na Moita, onde o Intermarché funciona como parque alternativo.
E se os argumentos resvalam, de forma politicament correcta, para questões ambientais, que tal começar a defender o Ambiente a sério, em outras matérias.

AV1

8 comentários:

nunocavaco disse...

Amigo Av1 você parte do princípio que toda a gente que usa transporte privado o faz por comodidade e não é verdade. O ambiente tal como você o entende também é muito redutor, se calhar a poluição automóvel é mais nociva do que o que muitos entendem e se calhar é uma questão que deve estar na ordem do dia, mas não está. Afirmar que o comboio é o meio de transporte menos poluente e eficaz do ponto de vista energético e defender o ambiente, afirmar que alguns problemas de estacionamento se resolvem com mudanças de mentalidade (levar o carro para todo o lado) é defender o ambiente e afirmar que o transporte público de qualidade é defender o ambiente não é só um aspecto do sindicalismo, mas mesmo que o fosse não vejo qual é o problema de defender os trabalhadores do sector, até acho louvável. Para mim é claro, defemos adoptar para a Península o modelo de transporte das melhores urbes europeias- no essêncial o comboio leva as pessoas de concelho para concelho e os meios rodoviários dão acesso ao comboio e cobrem os restantes lugares. Para isso, tanto comboios como autocarros devem ter comodidade, para chamra passageiros e o estado deve garantir que os preço sejam atrativos pela mesma razão. O P.C.P. pensa assim, muitos cidadão apolíticos pensam assim, mas o nosso governo (estes e os outros que por lá andaram) pensam de forma diferente. O problema está mesmo no beneficiar algumas empresas privadas em prol das pessoas (incluíndo os idosos de que falou). Locais como a Barra Cheia não são servidos de transporte de qualidade pura e simplesmente porque para as empresas estes locais não são rentáveis, aí o estado deve ter a última palavra e esta deve ser, meus amigos nem todas as carreiras devem dar lucro e se não acordarem, o estado que suporte uma parte dos custos (afinal é para isso que pagamos impostos, não só para pagar compensações à BRISA).

AV disse...

Questão 1:
Há estudos sobre os fluxos de passageiros, com e sem automóvel, do concelho para fora dele e dentro dele, de umas localizações para outras ?

Questão 2:
A linha do Sado, herdeira da linha de Sul e Sueste é uma linha vocacionada para o transporte suburbano de passageiros, ou sempre foi pensada como uma linha estruturante das comunicações e tranporte de mercadorias para Sul, o que agora está ultrapassado ?

Questão 3:
Há projectos concrectos para o Metros de Sul do tejo chegar às nossas bandas, esse sim um meio de transporte assumidamente de tipo suburbano ?

São questões concretas que só sendo respondidas cabalmente poderão significar que se andam a estudar e acautelar os interesses da comunidade.
O resto é só política...

AV1

nunocavaco disse...

Amigo Av1, existem vários estudos que apontam a valência da linha para transporte de mercadorias como um impulsionante da economia. Se calhar não sabe, mas muitos especialistas em ordenamento do território defendem isso. Procure que encontra.

Anónimo disse...

Que tal falarmos também dos preços dos transportes?
Os preços subiram tanto que eu gasto práticamente o mesmo para ir a Lisboa de transportes como de carro.
Indo de transportes vamos pelo mais barato, e fazendo contas a uma ida e volta a partir da Baixa da Banheira: comboio 2 euros, barco 2,90 e chegando a Lisboa supondo que não vou ficar pelo terreiro do paço ainda terei que usar metro (1,40) ou carris (2,40)
Indo de carro com gasolina e portagem na ponte 25 de Abril gasta-se 7/8 euros no máximo, com toda a comodidade, sem andar em filas, a mudar de transporte e vamos directamente ao sitio de Lisboa que pretendemos.
Sem falar que no inverno com frio e chuva o carro sabe bem melhor.
Talvez se a politica de preços fosse melhor, talvez se os transportes seguissem uma politica integrada e eficaz as pessoas deixassem o carro em casa.

Anónimo disse...

Como e costume quando entramos em terreno técnico ligado ao território local, o meu caro NC alude a estudos de forma geral e manda ir à procura.

O que eu questiono é se esses estudos existem para o plano local, já não digo só do nosso concelho, mas do espaço Barreiro-Montijo.
Ou se existem estudos sobre as deslocações no interior do concelho e quais os seus fluxos.
A isso, como de costume, NC não responde e ele sabe bem porquê, tal como eu sei e quem nos lê sabe.
A resposta é simples, NC quer aplicar aqui fórmulas vagas para justificar lutas políticas particulares e manter alguns grupos animados pela coreografia da defesa dos seus direitos.
A verdade é que NC não adianta nada sobre a situação a nível local, com fundamentação técnica.

Quando ao HL, se desloca a questão para os termos da racionalidade económica, já nos entendemos, pois é óbvio que é mais económico que dois utilizadores de um carro façam a travessia da ponte do que irem de transportes, em especial se precisarem de mudar de transportes públicos.

Mas isso é outra conversa e já aponta para - não a regionalização - mas as competências da Autoridade Metropolitana dos Transportes, que já nem sei se existe.

Anónimo disse...

E para rematar ainda, meu caro NC, será legítimo invocar o interesse geral ou comum, para o usar em estratégias de defesa de interesses particulares e de grupos restritos ?
A minha resposta já a adivinhou, claro !

nunocavaco disse...

A minha resposta é que assim não fazemos nada.

Anónimo disse...

Mas o que é que o NC faz para além do que eu também faço ?
Onde estão os estudos que suportam o que afirma ser necessário para o concelho em matéria de transportes ?
Claro que, sem os devidos estudos que não se fazem porque o pessoal técnico está desmotivado (uns) ou com outros "encargos" (outros), é imposível fazer algo com pés e cabeça.
Posso fazer uma lista de matérias em que a CMM não fez nada nos útimos tempos (últimas décadas) embora tenha pessoal qualificado para isso.
Ou então fizessem parcerias com que sabe (IPS, FCT), etc).