segunda-feira, março 20, 2006

Para mim é óbvio





De quando em vez, alguém surge com uma nova ideia, um novo modelo para explicar o sucesso do crescimento económico de uma nação ou de outra. Muitas vezes, a solução parece estar associada à Educação, o que tem a sua lógica mas deixa de fora muita coisa importante.
Nos últimos tempos, o PS socrático encontrou inspiração na Finlândia, não necessariamente no vodka com o mesmo nome, que não é dos melhores, mas no dito país.
Vai daí começam-se a comparar indicadores.
E lá se volta à educação.
E o que se constata ?
Aquilo que já se sabe há muito, mas que se arranja sempre forma de encobrir ou justificar com ladaínhas da treta.
Por lá, com menos horas de escola atingem-se muito melhores resultados.
Olha a novidade !
Que somos - ridiculamente e por estranho que pareça - dos países que mais investem na educação por habitante já a OCDE está farta de indicar.
Que somos dos países onde a criançada fica mais tempo na escola também já se sabe e agora ainda mais.
Até parece que somos daqueles em que os professores são uma classe cheia de privilégios.
Portanto, algo está errado, já que o input é alto e o output é uma miséria, meça-se por onde se medir.
Em termos empresariais isto é uma alocação de meios nada rentável e com níveis de produtividade baixíssimos, o que revela uma estratégia completamente errada.
Em sítios normais isto seria matéria para se rever a estratégia errada e despedir os responsáveis pela mesma.
Por cá, nem por isso.
Salvo uma curta e honrosa excepção, os responsáveis pela asneira são reciclados (basta olhar para os níveis de topo da administração educativa e para os gurus do próprio pessoal político) e em vez de se mudar a estratégia, insiste-se e reforça-se a mesma, como se fosse mais do mesmo - que já demonstrou estar inadquado e não dar resultados - que resolvesse o que só se alcança com uma melhor e mais adequada estratégia.
Olhem então para a Finlândia: prioridades ? O ensino da língua materna e das disciplinas técnico-científicas têm uma maior peso no currículo (50% contra 33% por cá), assim como o horário escolar é mais leve (no 1º ciclo a diferença é abissal e no 2ª ainda é de 25%).
Pois, e isto a mim parece-me óbvio, quando se trabalha melhor, precisa-se de menos unidades de tempo para alcançar o mesmo.
Se o trabalho for rigoroso, bem planeado e organizado, não é preciso acumular horas de trabalho inútil e improdutivo.
Querem sucesso na Escola ? Não a tornem obsessiva e massacrante para todos os envolvidos, disfarçando isso com pedagogias mal amanhadas que não facilitam a aquisição e aplicação de conhecimentos.
Reforcem o controle de qualidade do ensino, dos professores aos alunos enão tenham medo da avaliação.
De certeza que os finalndeses não se desenvolveram com a estratégia do coitadinho, tão comum entre nós: não sabe, coitadinho, não é culpa dele é da sociedade ! Partiu a cabeça ao colega ? É da televisão, tão violenta. Escarra para o chão em plena aula como um jogador de futebol ? É das companhias ! E as companhias são más porquê ? Porque é do coiso.
Ora bolas !!!

AV1

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