Nada como o corpo todo dorido e uma noite mal dormida, para colocar muitas coisas em perspectiva e redefinir prioridades.
É verdade que já passei por anteriores momentos de certo desânimo.
E é verdade que este não vai durar muito.
E ainda é verdade que o AVP foi criado mais para desagradar do que para agradar.
Desagradar a quem ? Ao que sempre chamámos poder moiteiro e aos comportamentos típicos da moitice, que sempre explicámos não serem necessariamente exclusivos dos moitenses, enquanto cidadãos da Moita. Por tabela, também desde cedo destacámos a importãncia dos amoitados, aqueles que não sendo moiteiros genuínos o gostariam de ser e são colaboradores todos animadinhos do poder moiteiro.
Porque nos interessámos em desagradar ao poder moiteiro ? Porque achamos que ele tem sido secularmente mal usado e que, de forma quase sistemática, tem subalternizado Alhos Vedros e a tem empobrecido em muitos aspectos, suburbanizando-a da pior forma e tornando a terra pasto fácil, graças ao desinteresse público, para os interesses privados.
Claro que uma atitude deste tipo deve ter como principais visados os detentores do poder, sejam eles quem forem, tanto em termos políticos, como de origem geográfica, ou mesmo se forem pessoas nossas conhecidas e com quem, a nível particular, até se possa ter um relacionamento cordial.
Queixam-se alguns que atacamos sempre os mesmos, que estamos aqui só para atacar uns e poupar outros. Nâo é verdade e, mesmo se fosse verdade, até seria compreensível. É muito mais lógico criticar quem tem o poder de agir e não age ou age de forma deficiente, do que quem não tem esse poder. Claro que também podemos criticar a falta de alternativas ou as iniciativas fora da esfera do poder moiteiro que se revelem igualmente pouco benéficas.
Mas a verdade é que o visado é o poder sediado na CMM ! Está na posse dos mesmos há 30 anos ? Ainda mais se justifica o exercício da crítica.
Claro que isso dói a quem está habituado a levar 3,5 anos de remanso e 6 meses de campanha em que se atiram pedradas dos dois lados da barricada, terçando argumentos que perdem muita da sua credibilidade por serem meramente instrumentais.
Só que nos últimos tempos surgiu a capacidade de, sem grandes entraves, a crítica ser exercida num meio comunicacional ainda restrito, mas que parece perturbar o poder instituído.
Mandam-nos dizer que atacámos este ou aquele e que atacamos sempre y ou x.
E depois ? Esses y e x têm tido, anos a fio, o espaço comunicacional local ao seu serviço, praticamente sem contraditório !
Custa-lhes agora que se ponham a nu as suas insuficiências, os seus desacertos, as suas mistificações ?
Mas há realidades que não ignoro: há uma força partidária que ganha sucessivamente as eleições locais e tem legitimidade para avançar com o seu projecto, dispondo ainda de meios humanos e materiais para defender e propagandear a sua obra. Mas isso não significa que esteja imune a críticas ou que o possa fazer contra o interesse comum ou a legalidade, mesmo com maiorias absolutas.
Pois assim também as Felgueiras e os Isaltinos seriam inimputáveis e impunes e nenhum de nós poderia criticar as opções de um governo nacional com maioria absoluta.
E essa é uma contradição insanável, para quem defende regras diversas para a contestação a nível nacional e a nível local.
Mas indo ao motivo original deste post: com a passagem de 29 meses de actividade e mais de 4700 posts, a verdade é que se conseguiu, mesmo que muitas vezes em moldes longe dos ideais, colocar certos assuntos em discussão, mesmo se queiram fazer crer que não.
O tropeção do processo de revisão do PDM, devido à contestação popular e não só, mesmo que ele venha a renascer, foi uma semi-vitória contra a opacidade dos métodos usados.
O escrutínio do projecto do Parque Temático para a última grande mancha verde da freguesia e do concelho, é outro ganho para o exercício da cidadania, graças aos blogs.
A contrapartida é o extremo desgaste pessoal de tudo isto, as sucessivas ofensas que nos são dirigidas, as insinuações torpes sobre motivações ocultas, para mais em alguém que o faz sem qualquer apoio institucional, sem meios que não os do orçamento familiar e sem nenhum tipo de ambição política ou de participação no poder.
E, parecendo que não, eu tenho mais onde gastar o tempo, desde um blog pessoal ligado à minha actividade principal a uma vida profissional com trabalho a fazer e prazos a cumprir.
Ao contrário de quem anda por aí a defender o seu e a lutar pelo seu quinhão, aqui no AVP estamos por amor à camisola. E a camisola vai estando muito suada.
Vamos e vou continuar aqui, apesar de tudo, e com o vigor possível, tanto mais quanto sentirmos que desagradamos a certos sectores.
Não pretendo representar ninguém mais do que a minha opinião, muito menos a população de AV que deixou, por inacção, desmobilização ou simples abandono, que a coisa chegasse onde chegou.
Não pretendo candidatar-me a nada.
Não pretendo estabelecer contratos, parcerias ou outras mordomias com a CMM, estejam lá estes ou outros. Para arranjar tachos, tinha-os arranjado onde eles são maiores e os ossos têm mais carninha.
Não pretendo dar cara, pois não quero nada em troca do que faço, ao contrário de quem aparece para ganhar créditos e assegurar o futuro.
Mesmo assim incomodo ?
Chateio ?
Tanto pior !
Podem sempre recorrer aos métodos do costume para se desacreditarem, moiteiros e amoitados, lado a lado na luta pela vítória da moitice.
AV1
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5 comentários:
"escrutínio do projecto do Parque Temático"??
Colocaram-se online os documentos do protocolo com o Badoca Park antes da sua assinatura, assim como a memória descritica do projecto e outros materiais.
Com base nisso, e não só, escreveu-se sobre o tema com alguma demora.
É só ir aos nossos arquivos e aos de outros blogs.
AV1
Por momentos pensei em referendo local...
Isso é o efeito dos psicotrópicos !
Referendo local ?
No concelho da Moita ?
Depois de tanto segredo antes das eleições ?
Mas eu até acredito que ganhassem. Se a Felgueiras ganhou com aquele modelo felgueirista de desenvolvimento, muito mais facilmente aqui seria possível com a promessa de não sei quantos empregos e muitos milhões de euros.
E como este presidente parece que já não volta e o vereador da matéria nem esteve na votação do projecto, todas as hipóteses estão salvaguardadas.
AV1
Sim , por momentos e sob efeito de potente pedrada (um gajo é da Baixa da Banheira o que querem?) vislumbrei a hipótese de alguém, alguém lutar um bocadinho só que fosse por um referendo local sobre essa matéria.
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