segunda-feira, março 13, 2006
Sampaio - O Depois
O que equivale a escrever Cavaco - O Durante.
Sinceramente não estou preocupado com a presença de Cavaco Silva na Presidência nos próximos cinco anos.
Não é coisa que me tire o sono, me vá fazer arrancar os cabelos ou deixar de cumprimentar alguém.
As razões para isso são claras e evidentes e seria bom que todos, mesmo os maiores detractores dele ou quem nunca nele votou (eu, por exemplo), as recordassem:
a) Quem governa é o Governo e há medidas de rigor, mais ou menos impopulares, a tomar. Antes sejam bem tomadas e de pressa e não às bochechos e de forma meio arrependida - tipo Durão -, para ver se ultrapassamos isto e seguimos em frente. Nesse aspecto, talvez seja Cavaco o presidente mais capaz de corrigir a acção do governo do ponto de um ponto de vista não ideológico e puramente político.
b) Este mandato vai passar-se, em grande medida, a garantir que haverá outro. Portanto, nada de extremamente prejudicial para a sua popularidade geral, sairá de Belém, a menos que seja mesmo necessário. Para além disso, o homem deve gostar tanto do PSD nos tempos que correm, como de ser picado por um ensame de abelhas doidas à procura de mel.
c) A malta esquece-se, pois esquece-se, que os dois grandes períodos de ganho de poder de compra de grande parte da população, se deram nos anos imediatos ao 25 de Abril e no 1º mandato de Cavaco Silva em maioria. Eu posso usar estatísticas, mas chega-me a memória, pois do primeiro beneficiou o meu pai e do segundo, em parte, beneficiei eu. Por isso, não acredito que o homem, até pelas origens, tenha os maus fígados que alguns gostam de lhe atribuir para o demonizar.
d) Com o Cavaco nunca existirá um episódio tipo Santana Lopes, que só nos fez perder tempo por causa dos pruridos do Sampaio, pois ele dificilmente empossará alguém com aquele tipo de perfil. Por conveniência do exemplo, se num PS em crise aparecesse um Manuel Maria Carrilho (a criatura mais parecida ao Santana entre os rositas) a querer ser PM, levava certamente tampa.
e) Toda a gente se esquece - excluindo os próprios - que Cavaco Silva tem um razoável "complexo de direita" e que tem mais aversão a determinadas alas do espectro político dextro, do que qualquer anterior Presidente em relação ao lado canhoto. Significa isso que Cavaco fará o possível sempre para que a governação não se incline excessivamente para o lado daqueles que durante uma década de governação e outros momentos avulsos, ele sempre procurou neutralizar.
f) Em caso de extrema necessidade e perigo nacional, eu invocarei o facto de - tirando amigos pessoais - só ter dois livros autografados, um a meu pedido (um de Mia Couto, o melhor escritor em língua portuguesa dos últimas décadas, assinado em sessão na Feira do Livro) e outro por deferência de uma pessoa com conhecimentos comuns, sem que eu o tivesse pedido (o 1º volume da autobiografia de Cavaco). E este é um argumento decisivo para CS portar-se bem, em situação de crise.
AV1
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