sexta-feira, fevereiro 09, 2007

O Aborto ou a Tristeza das Quecas Mal Dadas

"Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.

Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! - uma vez.
E se a função faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado."

Natália Correia (Diário de Lisboa, 5 de Abril de 1982)

É minha firme crença e convicção que este alarido em torno da questão do aborto é um desnecessário gasto de energias que poderiam ser usadas de forma bem mais produtiva e prazenteira.
No truca-truca, por exemplo.
Para procriação ou mera receação.
Depende dos gostos.
Por mim estão à vontade.
Porque eu continuo a achar que tamanha exaltação só pode ser mesmo falta de algum do belo sexo desenfreado, embora devidamente planeado.
Pelo menos ajudaria a descarregar energias e ocuparia algum tempo.
Porque isto é tudo um imenso disparate e um enorme contra-senso.
De um lado tenho firmes defensores do liberalismo económico que defendem que o Estado deve ser anti-liberal nesta matéria.
Do outro tenho tipos todos politicamente correctos e tolerantes com os "multiculturalismos" anacrónicos do islamismo e toda a religião careta, a criticarem os católicos porque têm as suas crenças.
Não há pachorra.
Lá está. Esta malta anda a dar ou poucas quecas (e nesse caso realmente o aborto não lhes parece bem...) ou então muito mal dadas (e acabam por precisar dele com uma certa aflição).
Eu tenho a solução ou pelo menos uma boa ideia para os ocupar; de uma vez por todas façam o favor de se dedicar a uma das actividades mais interessantes que a Natureza colocou ao nosso dispôr, mas façam-no com todas as vantagens da utilização da Razão: dêem lá umas valentes pinocadas com as devidas precauções - mas nada de coisas estranhas como as temperaturas ou coisas interrompidas - e variações - se há muitas maneiras de matar moscas, também as há para coiso e tal - e deixem-se só de oralidade improdutiva.
Olhem, por falar em oralidade, pratiquem-na de outra forma, mais mónico-presidencial.
Ou vice-versa.
É que já começam a ser rebarbativos, para não dizer a outra coisa mais ofensiva.
Domingo votem no que entenderem, pois eu respeito a opinião de todos, mesmo se acho que a minha é claramente mais não sei o quê.
Mas por favor parem de encher os noticiários e os jornais com proclamações disparatadas e sem feto por onde se lhe pegue.
Quem tem Fé, guarde-a bem, pratique-a e não a ofenda às escondidas. Deus , afinal, está em todo o lado.
Quem apregoa a Razão, tenha a caridade de a usar de um modo mais criativo do que me cornetar os ouvidos sempre com os mesmos argumentos.
Vocês já sabem no que vou votar.
Se não aparecer, garanto-vos, é porque estou a fazer coisa bem mais interessante.
E se possível de forma repetida e diversificada.
Tipo tântrico.
Ou apenas muito.

E boas noites que está na hora de começar a praticar.
Como de costume, aqui no AVP só damos bons exemplos.

3 comentários:

A Loba da Praça da Republica disse...

novo blog
http://baixa-banheira.blogspot.com/

António Cabós Gonçalves disse...

Este texto está fabuloso!

Parabéns

ACG

Mário da Silva disse...

Sabia você que o aborto já não é julgável? Eu não e fiquei parvo!

A mim o que incomoda mesmo é que me tomem por parvo. Irrita-me, que querem.

Nem é o fazerem-se abortos ou não, ou questões de Fé ou de filosofia política... é mesmo tomarem-me por parvo. Isso e os argumentos da "desgraçadinha". Quando os oiço da boca dos políticos então, até se me eriçam os pelos do pescoço.

O que mais custa é ouvir pessoa que vão votar SIM -- vários amigos meus o vão fazer, não são só vocês -- dizerem que "só têm medo que se transforme num método contraceptivo". Mas é claro que em larga medida SIM.

É mais barato para o Estado pagar o aborto UMA VEZ do que pagar subsídios durante a vida menor toda do puto; e as escolas abertas e essa cambada dos professores a chatear; e mais um gajo para morar em bairros degradados a obrigar a abrir esquadras; e gandulos a rapinar os passantes; e centros de saúde que já não se podem fechar; e dar casas a esta malta desgraçadinha toda, senhores; e rendimentos minimos garantidos; e cursos de formação para inadaptados e baldões, coitados deles; e gangs em potencial; e droga e cola snifada; e mais um desempregado a chatear; e com sorte a tipa também se fina que o aborto nas clinicas não garante nada e vai obrigar a termo de responsabilidade da senhora; e até é menos uma desempregada, a desgraçadinha!

É só vantagens, vendo bem.

Mas o seu texto de fim de campanha do "Talvez" está mucho bien, SIM senhor.

Até segunda.