sexta-feira, maio 06, 2005

A Biblioteca do Eunuco *



Depende dos gostos, mas para mim (AV1), Bertrand Russell foi um dos pensadores que mais me marcou na época da formação do meu pensamento. Quando li um pequeno livrinho seu que havia na biblioteca da Gulbenkian (ABC da Relatividade), teria aí uns 12 ou 13 anos, fiquei fascinado pela clareza do seu raciocínio e pela forma como desmontava questões complexas de uma forma que as tornava acessível ao comum rapazito de aldeia. Mais tarde, só Karl Popper teria efeito semelhante e, na minha opinião, complementar.
Aqui fica um excerto de umas das suas obras publicadas entre nós (com tradução original de António Sérgio), em reedição recente, só para aguçar a curiosidade.

«O problema sobre o que entendemos por verdade e falsidade, por nós considerado no capítulo anterior, é de muito menor interesse do que o seguinte: como se poderá conhecer o que é verdadeiro e o que é falso ? Este nos ocupará no presente capítulo. Não é possível haver dúvida de que algumas das nossas crenças são erróneas; e isto nos leva a inquirir sobre que certeza poderá haver de que tal ou tal crença não é errónea. Por outras palavras, poderemos conhecer alguma coisa, ou tão-só nos sucede algumas vezes, por boa sorte, acreditar por acaso no que é verdadeiro ?»
(Bertrand Russell, Os Problemas da Filosofia, Coimbra, Almedina, 2001, p. 127)

* Os nossos agradecimentos ao leitor Lâmina pela bela ideia que nos deu para esta rubrica.

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