quarta-feira, maio 18, 2005

Cenas da vida de um editor do AVP


AV1 após cair na Terra
(o Brocas ainda era pequeno, ainda não tinha a Cannon para o fotografar)


Primeira infância I

Caído na Terra directamente do planeta Côcô, AV1 foi recolhido por um casal modesto de Alhos Vedros no quintal de quem aterrou numa cápsula espacial. Apesar de já ter três criancinhas humanas, o casal decidiu ficar com aquela criaturinha de aspecto indefeso que lhes surgiu, nunca suspeitando dos seus super-poderes e dos seus planos de dominação local, nacional e mundial.
Desde a sua tenra idade terráquea, AV1 destacou-se logo por características inauditas para um bébé normal.
Com apenas 3 meses as suas fezes apresentavam uma forma perfeitamernte redonda, apenas com um ligeiro achatamento nos pólos, respeitando a exacta proporcionalidade com as dimensões do nosso planeta. Para além disso, as suas excreções sempre exudaram um agradável odor a flores silvestres, o que lhe permitiu que, ao contrário do que é comum, os adultos disputassem o privilégio de lhe mudar as fraldas de pano que, quando postas a lavar, ficavam imediatamente imaculadas, desaparecendo todos os sinais do que antes as conspurcara.
Em matéria de comunicação, AV1 também se destacou rapidamente, fazendo constantes bilu-bilu-bilu e cutchi-cutchi-cutchi aos adultos que se debruçavam sobre o seu berço e esticando o seu bracinho para lhes coçar sob o queixo, o que acompanhava com ruídos gorgolejantes e gargarejantes na intenção de povocar o riso dos mais velhos. Quando o agarravam tentava logo fazer cócegas na barriga de senhores e senhoras, ávido de ouvir o ruído de um riso alegre.
Claro que tudo isto era apenas uma estratégia dissimulada para obter os favores e colaboração dos ingénuos humanos e a sua boa-vontade futura. A única excepção acontecia quando se aproximava algum(a) moiteiro(a) – o que voltamos a afirmar é diferente de natural da Moita - , ocasião em que AV1 começava a espumar uma substância verde, a dar estridentes guinchos e a cuspir descontroladamente na direcção da criatura.
Àparte isso, AV1 manteve um comportamento extremamente cordial com os humanos e esperou pacientemente pela idade humana adequada para começar a comunicar verbalmente, o que será motivo de um capítulo próprio. Em matéria de escrita, AV1 foi decorando todos os textos relativos à composição química dos produtos de higiene para bébés que lhe passavam perto dos olhos quando o banhavam, aproveitando ainda para fixar os componentes de uma ou outra pasta de dentes ou creme cosmético que estivesse por perto. A sua visão telescópica e a extrema rapidez de leitura, aliadas a uma memória eidética, facilitavam estes pequenos exercícios de alongamento neuronal e de aceleração sináptica.
Termine-se por agora este breve resumo dos seus primeiros de vida, revelando que um dos seus maiores prazeres passavam pela produção de alegres e sonoros arrotos após as refeições, pois os adultos mostravam-se deliciados com tais habilidades, para seu grande espanto; outro pequeno prazer era a emissão de gases intestinais a longa distância – tipo ventríloquo – fazendo-os soar perto de outras pessoas e conseguindo que o correspondente odor a metano e enxofre surgisse junto delas, apenas para treinar as suas técnicas de embaraçar os humanos e assim ir-se preparando para todas as malvadezas que planeava para o futuro.

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