quinta-feira, julho 28, 2005

Jornal da Moita - Secção de FC

Inesperadamente a Ficção Científica surge na página 15 do JMoita; ora vejamos como nascem dois promissores autores deste género literário:

«...todos os candidatos darão o seu melhor para que, pela convergência dos esforços de todos os que se identificam com as causas e os projectos que representamos, a CDU registe em 9 de Outubro o expressivo êxito eleitoral que merece, para bem desta freguesia e para bem de uma rota de desesenvolvimento, progresso e bem estar para o concelho
(João Lobo)

«...os candidatos que hoje apresentamos são herdeiros políticos e construtores da imensa obra da CDU que, desde o 25 de Abril de 1974, juntamente com a população, têm transformado e desenvolvido o concelho.»
(José Paleta)

Nota-se em ambos os autores um imaginário semelhante, desde o elogio dos candidatos ao elogio da obra da força partidária que representam.
A entrada no delírio onírico e de descolagem da realidade, típico de uma FC de tradição clássica com grandes vultos como Philip K. Dick, Isaac Asimov ou Philip Jose Farmer dá-se principalmente nas passagens destacadas a itálico, pois no caso de João Lobo se afirma que a vitória da CDU em 9 de Outubro será para bem da freguesia de AV (não sei bem o que os impediu nos últimos 30 anos, ou mesmo no anterior mandato), enquanto José Paleta, apesar de as primeiras eleições autárquicas só terem acontecido em 1976, afirmar que desde 1974 a CDU tem construído o desenvolvimento do concelho. É que nem a CDU existia nesses tempos (tivemos a FEPU, a APU antes disso), nem me parece que seja de elogiar um desenvolvimento que deixa o concelho da Moita no último lugar na maioria dos índices de desenvolvimento socio-económico numa região já de si deprimida como a Península de Setúbal.
Nota-se, portanto, nestas passagens, um esforço sincero, embora ainda ingénuo, de evasão da realidade e de construção de um universo paralelo utópico em que a construção de um novo espaço, uma nova sociedade e uma nova realidade são possíveis.
Parabéns, pois, a estes novos autores de uma área literária que em Portugal não tem muitos representantes e ao JM por lhes ter dado espaço para publicarem as suas primeiras tentativas.

AV1

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