Há coisa de uma hora vi, de relance, um debate de 1995 do programa Dinheiro em Caixa sobre a venda dos livros em hipermercados.
Então ainda campeava aquela atitude de certa superioridade snobeira de alguns editores e escritores que torciam o nariz á venda de livros nas grandes superfícies, como se as livrarias fossem uns santuários de onde se estivessem a retirar à força as imagens dos santos para melhor as mostrar ao povinho.
Nelson de Matos, então ainda o grande chefão da Dom Quixote exibia aquela típica snobeira de esquerda, desconfiada com a mercantilização do livro e defensora (teória, meus amigos, teórica, que o dinheirinho em caixa é que interessa) da livraria como local apropriado para o consumo livreiro. A reboque, a escritora Lídia Jorge também se conseguiu achar meio chocada com a forma como os livros são vendidos nos hipers e, por ela, também o local certo par vender livros são as livrarias.
Se calhar hoje já não diriam o que disseram então, porque só quem seja muito burro não muda de opinião num caso como este.
Sendo eu um fã e assíduo frequentador durante muito tempo (anos 80 e 90) de algumas boas livrarias de Lisboa (Portugal, Ferin, Sá da Costa, Bertrand, Buchholz, 11, Universitária), onde deixei boa quantidade do meu dinheiro de então, só posso achar de uma asnice sem nome querer negar às grandes superfícies a capacidade de multiplicar vendas e leitores em virtude da acessibilidade que permitem do consumidor ao livro.
A acusação de não serem estabelecimentos especializados e de não apresentarem fundos de colecção só significa que, afinal, as boas livrarias foram tendo um nicho interessante a explorar, só que nem sempre estiveram para se adptar aos novos tempos.
Por mim, tanto me faz se compro um livro na FNAC, no Continente, na Bertrand, na Bulhosa ou na Livraria Lácio. Só por acaso, ontem adquiri o livrinho da imagem ao lado, que irá ser parte da minha biblioteca de férias.
Na Feira do Livro do Carrefour do Montijo, custou-me 4,99, preço em selo de promoção da própria editora (reparar neste detalhe, de acordo com o autor, impede-me de ser considerado um verdadeiro snob).
Em que livraria tradicional do concelho da Moita, Montijo ou Barreiro (para não alargar mais o espaço até Palmela, Alcochete ou Seixal) conseguiria tal achado ?
AV1
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