Do Público:
Aumento dos impedimentos e condições mais apertadas para poder dar explicações
Ministério da Educação vai definir novos limites à acumulação dos professores
Tenho muitos amigos e até familiares na classe docente.
É o maior grupo qualificado ao serviço do Estado e, talvez por isso, seja um alvo fácil de acertar quando se trata de escolher uma vítima para apertar. Apesar da dimensão da classe é, entre as chamadas profissões liberais (a que certamente vai deixar de pertencer se é que já pertencia), a mais vulnerável e a pior defendida por associações de classe, pois não tem uma Ordem, embora tenha uma míriade de sindicatos, cada qual mais ineficaz e desligado da realidade do que o outro, com dirigentes claramente fechados sobre si mesmos e os seus rituais (Fenprof incluída).
Durante anos em que o papel do Docente foi minado por dentro, sendo-lhe retirada a Autoridade do Mestre que transmite o Conhecimento, em nome de teoria pseudo-pedagógicas colhidas ao sabor das ondas, agora o ataque frontal é contra as condições materiais do exercício das suas funções, seja pelo desrespeito óbvio do seu Estatuto, seja pelos entraves ao exercício de actividades profissionais complementares.
Primeiro o ataque ao prestígio cultural e social da sua função, agora às condições materiais do seu exercício.
Se situações como as acumulações de horários em dois estabelecimentos públicos (diurno regular+recorrente nocturno) ou um público e outro privado (com muita coisa a passar à margem da própria lei), assim como o fenómeno/negócio das explicações em "circuito fechado", eram claramente reprováveis e abusivas, outras como a possibilidade do Docente desempenhar funções junto de Editoras (ao nível da assessoria e aconselhamento científico, sendo mais discutível o papel de promotores) ou outras instituições do sector são perfeitamente legítimas.
Só falta que agora um professor não possa ter actividade remunerada de autor, de manuais ou outros, ou de investigação.
Sendo a profissão docente, em especial no sector público, o recanto de muita gente sem outras hipóteses profissionais, agora os poucos que as têm vão começar a ter de pensar bem e fazer opções.
Pelos vistos, voltamos à ideologia salazarista do "profesor missionário", só que agora é pobre como os missionários, mas falta-lhe o prestígio da sua missão.
Volta David Justino, que estás perdoado, pois isto não farias.
Parabéns amigos(as) professores(as) que tão acaloradamente defenderam a opção Sócrates.
E foram muitos.
Eis a vossa recompensa.
AV1
(Agora gostaria de ver igual vigor no Min. Saúde perante as acumulações dos médicos, ou no das Obras Públicas perante as dos engenheiros e arquitectos ou no da Justiça perante as dos advogados, e por aí abaixo... pois... é difícil... esses grupos têm uma estrutura de classe que os defende eficazmente...)
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