Balanço dos Óscares

As coisas correram quase como o esperado, apenas com a troca dos prémios para Ang Lee e o seu filme, e com a Reese Witherspoon como melhor actriz, o que enfim, pois, sim, talvez...
Quanto ao resto, as coisas pareceram muito mais nova-iorquinas do que hollywoodescas, em grande parte devido ao Jon Stewart que fez o seu papel sem grandes espalhafatos, mas piadas curtas e extremamente certeiras.
Para quem acusa Hollywood e os Óscares de conservadorismo e americanismo primário, deverá ser difícil encontrar um discurso mais subtilmente anti-sistema que o que Jon Stewart levou a cerimónia toda a debitar.
Tudo a fugir ao óbvio, mas a colocar o dedo nas feridas.
Mas eu desde sempre que sou fã dos Óscares e nunca percebi aquela dos que acusavam a Academia de conservadorismo e de quase todos os males do mundo, só porque no final dos anos 60 e nos anos 70 não deu prémios a alguns maus filmes políticos.
Claro que a míngua de prémios para o Scorsese, o Woody Allen e o próprio Spielberg entre meados de 70 e meados de 80, justificam muitas queixas, mas esta madrugada as coisas estiveram muito bem, incluindo um surpreendente Óscar para melhor filme para o Crash/Colisão que por cá já anda em DVD a preço moderado. Agora deve subir para o dobro, por isso corram a comprar.
Pode sempre dizer-se que este prémio foi para não dar uma caução total ao Brokeback Mountain ou para não encher excessivamente o ego do Clooney, mas o filme é muito bom e não tão obviamente politicamente correcto como o de Ang Lee.
Grande momento da noite, tirando a extraordinária sequência inicial filmada para nos introduzir o apresentador, foi a presença de Jack Nicholson no palco, que apareceu como se fosse o dono daquilo, trocou as voltas ao tempo de apresentação dos filmes, quase parecia estar a enganra o público quando anunciou o prémio e mostrou como o seu género sempre deveria ter sido a comédia e não os filmes em que fazia de maluquinho sério.

AV1