... terei ficado com o artigo de opinião do sempre presente Manuel Madeira no combate ao capitalismo, globalização e seus efeitos malévolos.
Permanece uma adjectivação colorida, mesmo se mais moderada (um "ignóbil" aqui, um "selvagem" acolá), uma ou outra qualificação substantiva musculada (os sacramentais "lacaios" - onde é que eu já li isto tantas vezes ?), para não falar em algumas expressões que nos prendem à cadeira pela forte imagética (a "filosofia do beduíno explorador" é um pouco xenófoba, mas interessante).
Só me restam dúvidas residuais depois da leitura: se os trabalhadores têm conseguido tantas vitórias, porque será que estamos como estamos ainda ? E, para além disso, fico na dúvida se o final da História que MM antevê, "com os povos e pelos povos" é um pensamento devedor a Fukuyama ou ao Apocalipse.
AV1
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2 comentários:
Av1, registo a atenção que me dedica.
Acredito que não seja insensivel, não se sinta incomodado e irritado com as crescentes causas mundiais, progressistas e anti-globalização.
Três esclarecimentos:
1. A "filosofia de, e não do, beduínho explorador" tem um sentido figurativo (dicutível como qualquer outro) para caracterizar o assentar de arraiais do capital, em qualquer lugar, com a única finalidade de sugar toda a riqueza e após isso partir para outro, sem remorços que a exploração não tem sentimentos. Não há da minha parte, como malevolamente insinuou, qualquer xenofobia ao árabe ou a quem quer que seja.
2. Não fosse a resistência, a luta e, também, as vitórias dos trabalhadores e de toda a população e estaríamos bem pior. Possivelmente estávamos a erigir pedras para as pirâmides dos senhores faraós da actualidade, nós e os nossos filhos andaríamos com grilhetas. Reconheça (abstraindo-se de que sou eu a sugerir) que houve e há avanços civilizacionais. Agora têm, e não lhe pareça mal, é de ser defendidos. Vivemos uma guerra (conflito de interesses insanáveis) entre trabalho e capital. Ao longo da história da humanidade sempre houve avanços e recuos, mas o saldo, e não é preciso ser muito inteligente para perceber, é indubitavelmente positivo aos povos. Lembre-se que quando lutamos nem sempre vencemos, mas se não lutarmos perdemos de certeza.
3. Para o final do meu artigo, como você bem sabe, não me inspirei em Fukuyama/Hiroshima; no Apocalipse ou em qualquer outra profecía bíblica. Limitei-me à análise histórica (vê como é bom não renegar e esquecer o passado) e, com o entendimento do referido no ponto anterior, só podia finalizar (desejo seja do seu agrado) daquela única e agradável forma. Quem cria a riqueza (os povos), é vilipendiado e perseguido, sempre foi e continua a ser maioria. Por isso, meu caro..., é elementar: trata-se de uma questão de tempo e de inevitável consciencialização e despertar. Mais tarde ou mais cedo, infelismente num tempo que não será o nosso, a vitória da Liberdade sobre a tirania será certa. A vitória, por muito que custe a alguns admitir, será inevitavelmente dos povos e pelos povos.
Desejo ter contribuido para eliminar, nesta matéria, as suas dúvidas. Se não possivel, não fique aborrecido, mas consigo dou o caso por encerrado.
Para quando um espaço permanente no Avante para tão loquaz prosador ?
Estou esclarecido até ao âmago da medula, embora continue a achar que esta é a forma de explicar como, de meia-derrota em meia-derrota, se chega à vitória final e que no fim da História vamos todos andar como no Paraíso.
Mas a cada um a sua História.
;)
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