Sempre tive dificuldades em definir-me ideologicamentge, pois nunca consegui adeir por completo às ideologias (ou vazios) políticos dominantes, mesmo se sempre tive o chamado complexo de esquerda que, quando não me abstenho, me obriga sempre a procurar a opção menos má à esquerda do PSD o que, na maior parte dos casos, acaba por desaguar na abstenção.
Sempre me achei mais pragmático do que ideológico.
Significa isso que, perante um problema, em vez de recorrer às fórmulas estafadas da cartilha ideológica (seja ela qual for, da marxista à neo-liberal), sempre achei que se deve procurar a melhor solução, em termos de ganhos para a maior parte das pessoas envolvidas ou a que menos danos provoque ao bem comum.
No entanto, associa-se normalmente o pragmatismo a uma prática política de direita, acusando-o de ser um método de resolução que privilegia os resultados não olhando aos meios ou à coerência ideológica.
Em primeiro lugar, não me parece que isso seja apanágio da direita, pois essa de atingir os fins sem olhar aos meios é muito normal em todos os quadrantes.
Para além disso, o pragmatismo é assim e não é.
É porque pretende obter resultados.
Não é, porque os meios a usar, para um pragmático da forma como o vejo, devem ser sempre os mais adequados à situação em apreço.
Neste sentido, os utópicos e os românticos são bem mais complicados, porque a idealização da realidade os leva a maiores malabarismos e distorções para que tudo se adeque à sua visão do mundo.
Para mim, o verdadeiro pragmatismo é o que resolve, da melhor maneira, os problemas das populações, sendo que "melhor maneira" não deve ser uma noção subjectiva mas um critério claro de deve/haver relativamente ao bem-estar da população, por oposição aos sacrifícios que são impostos.
Deve ser sempre a solução com menos custos, não necessariamente para o Estado, mas para todos nós, a começar pelos mais desfavorecidos.
Por isso é que, desde logo, não considero que as soluções liberais ou neo-qualquer coisa que sublinham que o melhor é o que custa menos ao Estado. Pode não ser, se essas soluções impuserem grandes sacrifícios a um grande número de cidadãos, em especial se forem dos mais vulneráveis economica e socialmente.
Por isso é que, no fundo, sempre achei que o pragmatismo deveria ser considerado de esquerda, mesmo que não se enquadre em formas e fórmulas de pensamento pré-definidas.
Agora, é claro que não se deve confundir pragmatismo com oportunismo, utilitarismo ou mera gestão casuística dos problemas, pois isso é toda uma outra conversa.
AV1
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Pragmatismo. Exactamente. A péssima fama do pragmatismo em Portugal esconde (ou revela) um pensamente tortuoso e proto-barroco no seu pior. E que atravessa o espectro político.
Enviar um comentário