quarta-feira, março 08, 2006

O velho problema

A CACAV lá vai fazendo o que pode em matéria de dinamização cultural.
As iniciativas são meritórias, a concretização oscila mas por estas bandas é a única iniciativa do género que persiste.
O problema para mim, e é velho o diferendo, passa-se com a quase completa dependência dos humores dos poderes locais, já que os apoios são sempre os mesmos.
A zona não é rica, as hipóteses são escassas poderão dizer.
Mas a verdade é que há alternativas. Poderiam existir patrocínios negociados tanto no plano da publicidade, como no estabelecimento de parcerias com casas e marcas de produtos ligados a pelo menos algumas destas actividades.
É que é muito incómodo estar sempre dependente dos mesmos e ainda por cima de quem é.
Depois é preciso muito respeitinho e tacto, para que alguém possa levantar a voz.
Não espanta, pois, que surjam agora aqueles que se esforçam por distinguir este daqueles e por aí abaixo, elogiando o trabalho de um por oposição à atitude dos outros.
E isso é chato e prende muito as mãos e a língua.
E toda esta dependência absoluta da CMM e da JFAV, com o selo bem à mostra para que ninguém se esqueça, faz-me lembrar os tempos que era obrigatório cada colectividade e cada café ter um exemplar de o diário bem à mostra. Usar o Diário de Notícias só como segunda alternativa e era apenas para os mais afoitos.
Até A Bola era preciso eu ir ler ao recanto da velha guarda do ex-Café Central, ali na esquina oposta à loja do Plácido Rosa.

AV1 (não adianta dizerem que eu critico, mas não faço nada, porque se calhar é verdade, mas também é verdade que me cansei...)

8 comentários:

joao figueiredo disse...

falado apenas da Baixa da Banheira, lembro-me perfeitamente do tempo em que o jornal mais lido era O Diário. e por ser o mais lido era o que estava em muitas colectividades, e disto tb me lembro. mas refiro-me à baixa da banheira apenas, por que em alhos vedros parece que era por obrigação, ou medo, ou outra coisa qualquer...

quanto ao elogio a este e não a outro, eu elogio o Raminhos, e não é de hoje, porque vou tendo algum (pouco) contacto com o trabalho que vai fazendo, nomeadamente na CACAV. se calhar existem outros, mas não os conheço e por isso não posso falar sobre eles. é que tenho este defeito de só falar do que sei..

Anónimo disse...

Pena que nunca tenha falado com o meu caro JF.
Já quanto a escrever parece-me que se escreve sobre o que sabe, escreve sobre muito pouco do que realmente sabe.
Mas isso sou eu que escrevo sobre o que me apetece e não sobre o que apenas convém.

Quanto a o diário, claro que era o mais lido, não havia outros para ler !
Brincamos, não !?

Anónimo disse...

O Diário era tão lido tão lido que acabou.
As colectividades estão condicionadas pelo subsídio e pela política de colaboracionismo pouco democrático. E isso de facto cansa... E cansa em qualquer parte do mundo.
E já não há pachorra para este tipo de discurso formatado armado ao bonzinho e ponderado, na realidade a esconder as garras e a falta de mentalidade democrática. Desconhece a crítica, só compreende a aprovação e o consentimento.

joao figueiredo disse...

é certo que não tenho uma prosa tão generosa e prolifera quanto o AV1, mas como não sou masoquista é natural que escreva sobre o que interessa. para o que não me interessa cá estará o meu amigo :D

não haviam outros jornais? eu lembro-me de vários títulos, e lembro-me de os ver à venda na baixa na banheira. em alhos vedros provavelmente terá sido diferente, não sei...

Anónimo disse...

Não se faça de desentendido.
Estamos a falar do que estava à vista nos cafés e colectividades,
Cá em casa, e apesar do meu pai ser dos que distribuíam o Avante quando ainda andávamos de fraldas, sempre cá entraram outros jornais.

Quanto à escrita, perdoe-me a minha "prolífica" verborreia.
Realmente não tenho vocação para muitas palmadinhas nas costas por escrito ou para textos segundo o molde da pata que falou com a rata.

Se é verdade que afinal já não escreve só sobre o que sabe, mas apenas sobre aquilo que acha que interessa, só posso lamentar que ache tão pouca coisa com interesse. Realmente, nesse aspecto a minha vida é um pouco mais variada, pois leio livros, vou ao cinema, ouço música, etc, etc, coisas que no caso dos "banheirenses" não parecem interessar, a menos que sejam no Fórum e com subsídio moiteiro (100.000 euritos não é muito mas sempre é muito mais do que todo o investimento em AV nessa matéria), servindo para propagandear o amor à cultura dos amigos.

E não vale a pena acusar-me de erudito, arrogante ou desdenhoso, pois os seus colegas de blog e comentadores residentes já o fizeram anteriormente.

Mas sempre que quiser vir espairecer para aqui esteja à vontade, compreendo que o clima por outras paragens comece a desagradar.

joao figueiredo disse...

parte do princípio errado de que não me interesso sobre o que não escrevo. das minhas palavras poderá apenas aferir que escrevo sobre o que me interessa, desde que o meu conhecimento me permita conjugar algumas palavras com o mínimo de coerência. pelo menos assim o espero. perdoe-me pelo menos esta minha timidez.

e não fique admirado se os nossos gostos tiverem pontos comuns, pois eu tb gosto de cinema, de musica, de leitura (sejam jornais, livros ou revistas), de teatro, e estou a descobrir a dança (gostei muito do espectáculo da companhia nacional de bailado contemporaneo que passou pelo fórum este fim de semana), e pode ter a certeza de que os outros "banheirenses" também gostam destas coisas, e de outras, como qualquer homem comum.

e não há desentendimento nenhum. o papel que o PCP teve no associativismo banheirense, e onde teve alguma influencia antes do 25 de abril, com a criação de algumas bibliotecas para a divulgação de obras propícias à criação de um clima de resistência, criou hábitos de leitura que se traduziam mais tarde na procura do Diário, e na recusa de outros títulos mais identificados com a direita. e como se deve lembrar, a opinião na imprensa não era, e não é, políticamente isenta.

quanto à questão dos jornais, percebeu perfeitamente o que eu disse sobre o acesso a outros títulos.

Anónimo disse...

«parte do princípio errado de que não me interesso sobre o que não escrevo. das minhas palavras poderá apenas aferir que escrevo sobre o que me interessa, desde que o meu conhecimento me permita conjugar algumas palavras com o mínimo de coerência.»

Gralhas descontadas, naturais pela pressa, leia lá isto e diga-me lá se, mesmo eu percebendo a ideia, a coisa está um bocadinho tortuosa, e nem falo do "aferir" em vez do "inferir", mas isso sou eu que costumo ser jornalista, mais propriamente no DN.

O resto está muito pacífico.
Só mesmo um detalhe, quando escrevo o diário não é por nada é porque a grafia era mesmo assim.
Tenho exemplares antigos que podem comprovar esta afirmação.

joao figueiredo disse...

tem razão nos dois pontos, e até adivinhou no motivo. mesmo assim perdi os primeiros 10 minutos do jogo ;)