Quais os equívocos básicos:
a) Confundir o Canadá com alguns sectores do Partido Conservador agora no poder (seria o mesmo que confundir Portugal com o governo Santana/Portas).
b) Apresentar os deportados portugueses como gente que trabalhava em condições sub-humanas e explorados como "escravos" por uma terra madrasta.
Isto está errado a vários níveis e cada vez se percebe mais que:
a) No Canadá existem forças políticas e sociais que estão contra este tipo de expulsão coerciva das famílias portuguesas só que, ao contrário dos "garganeiros" de cá, organizam-se em grupos de pressão a sério e agem como tal, desde a forma como se manifestam até ao modo como contra-atacam com spots e sketches hunorísticos como a RTP já transmitiu, mostrando um canadiano a satirizar a comunidade portuguesa e os seus maus hábitos como serem bons trabalhadores, mandarem os filhos à Escola, pagarem impostos e fazerem devidamente o seu trabalho (no estrangeiro, os portugueses trabalham como deve ser, não é como cá...).
b) Os portugueses que estão no Canadá foram para lá e lá se mantiveram voluntariamente, não se sentindo mal e, quando obrigados a sair, mostram desejo de rápido regresso. Quem viu as entrevistas a quem de lá voltou à força, por certo percebeu que ninguém encara o Canadá como um sítio de "escravatura", mas sim como uma terra onde podem viver melhor do que na sua. Em especial os emigrantes açorianos (os que são em maior número) afirmam mesmo "adorar", "amar" aquela terra e lá quererem voltar porque têm lá a possibilidade de uma vida melhor para si e os seus, mesmo se à custa de trabalho árduo. Será isto masoquismo e amor à "escravatura" ? Duvido ! Acredito mais na demagogia oportunista de certos discursos internos.
Por isso, foi com imenso divertimento que vi o tal sketch que está a passar na televisão canadiana, gozando com o governo conservador, em que o sloga final é algo como "Se quer um Canadá sem qualificações, mande um português de volta por dia".
Afinal, os portugueses não são maus trabalhadores, pouco produtivos, desqualificados ou tudo o mais.
Pelo menos, lá por fora e em particular no Canadá.
Por cá é que a porca torce o rabo em muitos casos.
Porquê ?
A minha teoria é simples.
Os portugueses trabalham e bem quando sabem que esse trabalho será justamente pago e que poderão prosperar.
Trabalham muito, bem e a horas quando inseridos numa sociedade onde vejam que essa é a norma.
Fazem-no quando, mesmo sendo parte dela hostil, a classe política é minimamente competente e o país parece ser gerido com seriedade e autoridade.
Já em Portugal, em que tudo continua a ser rsolvido com base na cunha, no amiguismo, no nacional-porreirismo, na subsidiodependência dos que já têm dinheiro e no sacrifício constante dos mesmos, encolhem-se a gem de acordo com as fórmulas conhecidas do "para que me vou esforçar eu, se mais ninguém o faz ?" ou do "se eles não trabalham, faltam que se fartam e ainda ganham belas reformas antecipadas, para que hei-de eu estar aqui a desunhar-me ?".
Não é a solução para melhorarmos, mas quem não percebe isto ?
Manuel Arraia-Miúda (trabalhador especializado português de regresso do Canadá, mas já a tratar dos papéis para lá voltar, a fazer um biscate no AVP)
3 comentários:
Muito bem
Já em Portugal, em que tudo continua a ser resolvido com base na cunha, no amiguismo, no nacional-porreirismo, na subsidiodependência dos que já têm dinheiro e no sacrifício constante dos mesmos, encolhem-se agem de acordo com as fórmulas conhecidas do "para que me vou esforçar eu, se mais ninguém o faz?" ou do "se eles não trabalham, faltam que se fartam e ainda ganham belas reformas antecipadas, para que hei-de eu estar aqui a desunhar-me?". M A-M
Mas é que é mesmo isto. E os recentes relatórios do FMI, BP, etc, vêm comprovar que por mais que nos esfolemos a apertar o cinto até à espinha os de sempre ganham cada vez mais (deputados e restante canalha), em conjunção com a total impunidade de certa malta -- veja o recente perdão fiscal dado aos canalhas que têm a massa em contas off-shore -- é demasiado desalentador até para nós que somos um bocado imóveis.
Não é a solução para melhorarmos, mas quem não percebe isto? M A-M
Isto não percebi bem.
Não é solução a forma como esta cambada nos governa ou a nossa atitude para com isso?
Até mais (ou até um dia próximo)
No fundo, as duas coisas não são solução. Mas a atitude de desleixo do mexilhão "quase" se percebe.
AV1
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