A revista Sábado tem esta semana, como tema de capa, um trabalho sobre tudo o que nos faz mal à saúde em matéria de comidinha.
Engraçado como, com tantas ameaças, cada vez vivemos mais, mas esses são paradoxos que só atrapalham a análise.
De acordo com a Ciência, quase tudo nos faz mal, a menos que se consiga achar um descampado com erva não tratada com produtos tóxicos ou se sempre seguir em frente a ideia de plantar umas azinheiras no concelho e assim termos bolota à disposição.
Tudo faz mal, da mera torrada - que para não fazer mal não pode ser torrada, mas depois a farinha refinada do pão branco também não é das melhores - ao simples amendoim, passando por tudo o mais.
Se comemos muita carne vermelha, são riscos cardiovasculares.
Se comemos aves, olha a gripe que anda por aí.
Se comemos bolos, temos bombas de calorias a explodir por todos nós.
Se vamos ao peixe, temos muito que é criado em viveiros ao lado de lixeiras e outro que é apanhado em zonas onde podem ter existido derrames petrolíferos.
Os ovos é colesterol.
A fruta é boa, assim como os legumes, mas há que ter cuidado pois podem ter sido criados em estufas com recurso a químicos, para além de que o meu pai sempre me disse que se tivessemos nascido para comer só verduras, tínhamos duas orelhas muito grandes e andávamos aos salto pelos prados a franzir um focinhito cor-de-rosa.
Estamos cercados por uma ditadura do discurso saudavelmente correcto, mas de igual modo por uma vida diária que não nos permite comer a horas e em condições ideais.
Sou nesse aspecto uma pessoa com sorte. Como quase tudo o que me apetece e o meu médico fica sempre desanimado com as minhas análises, que parecem forjadas de valores tão aritmeticamente médios.
Mas cada vez mais, quando como uma tosta mista com uma meia de leite ou mesmo um refrigerante carbonatado parece que estou a jogar à roleta russa.
E, parecendo que não, a coisa vai moendo o juízo, mesmo se o corpo ainda vai resistindo.
Zé Migas à Alentejana
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