terça-feira, abril 25, 2006

O pântano (quase) em recomposição

Na Visão de 5ª feira passada, Manuel António Pina assinava uma crónica demolidora para a triste e vil passagem de Alberto Costa pelo Ministério da Justiça.
Já conhecido desde os tempos em que andou por Macau pelas suas difíceis relações com o normal funcionamento do poder judicial (relembrem-se as acusações de Joaquim Vieira na Grande Reportagem de final do Verão passado e que aqui reproduzimos), este Costa talvez consiga com que celeste Cardona não venha a ficar como a pessoa com pior passagem pelo cargo pois, em desculpa desta havia a total ausência de currículo na área.
Alberto Costa não, ele até tem experiência e, por isso mesmo, está lá para varrer muita coisa para debaixo do tapete ou, no mínimo, para não deixar que a poeira continue no ar.
Na altura do jardim da Celeste, o problema era com portas e modernices, agora são outras confusões que há que deixar cair no esquecimento.
Aproveitando a época pré-balnear, de "pontes" e de campeonato ganho pelo FCP, lá sai ilibado de acusações o Pintinho da Costa e mais uns malandretes menores do caso do Apito Dourado. No caso do Metro, parece que é o major Valentão a esgueirar-se também de fininho, como já se adivinhava pela prosápia com que ele começou a largar as habituais postas de pescada logo que deixou de ter impedimentos para tal.
Ou seja, tanto alarido, tanto dinheirinho gasto nos começos e tantos apertos no final, para ver se tudo volta ao lugar sem nada de importante mudar.
Já todos sabíamos que isto nia acabar assim, mas é sempre triste termos razão.
E a questão da Casa Pia irá dar ao mesmo pelo que se vê, apesar da muito peculiar peça final do Jornal da Noite de hoje, na TVI, em que Bibi/Carlos Silvino teve direito a meia-hora de depoimento extra-judicial em que voltou a meter uma boa dose de lama (para não dizer pior e chamar a trampa pelo nome) na ventoínha e a espalhá-la em todas as direcções, encavalitado porventura na crença da influência de uns bons 40% de share da audiência televisiva.
Servirá para alguma coisa, para além de nos recordarmos dos nomes dos que se já safaram ou acabarão safando, mesmo eles peixe miúdo ou apenas médio num assunto onde os tubarões cedo ficaram livres de perigo ?
O mais certo é não servir para nada, nem para morder as consciências.
Afinal temos a Justiça possível num país que se nega sistematicamente meios à investigação criminal, em que o combate à corrupção deixou de ser prioridade, em que há um Ministro-vassoureiro e em que tudo é um mero joguete nas mãos dos influentes, que só são mesmo apanhados se forem notoriamente tresloucados, como o Vale e Azevedo.
O resto continua como nos antigamentes.
Só o mexilhão é que estrebucha.
Os outros têm demasiados interesses cruzados e enrodilhados por todo o Bloco Central, para se darem ao luxo de deixarem cair uma das peças importantes do dominó.
Em Portugal, a Justiça não é cega, o mal dela é ver bem e saber para onde (não) deve olhar.

Tribunício Desalentado (especialista AVP para questões judiciais)

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