segunda-feira, abril 24, 2006

Eu não sei que contas eles fazem...

... mas não batem certo com as minhas.
Em matéria de inflacção, anda toda a gente a discutir se vai ser possível mantê-la pouco acima dos 2% ou se o aumento nos combustíveis a empurrará para 2,5% ou mesmo mais.
Eu confesso o meu espanto.
No espaço de um ano, em virtude da minha necessidade de utilizar transporte próprio, os meus custos diários em combustível aumentaram 2,5 €, resultado do disparo de mais de 20% no respectivo preço.
Isto significa que, ao fim de 22 dias de trabalho, o acréscimo anda na casa dos 60 euros, se não acrescentar mais nada para uma ou outra saída durante o fim de semana.
Em números redondos, e para não perdermos muito tempo com issso, no final deste semestre estarei a gastar por mês mais 75€ só em combustível em relação ao ano passado.
Pelas minhas contas, este acréscimo no orçamento familiar cá de casa engole largamente os 2,5% que os peritos discutem para o valor da inflacção e não deixa nada para qualquer outro tipo de aumento incontornável como sejam a subida dos juros para o empréstimo da casa, electricidade, água (mais novas taxas nos vão aparecer), telefone, gás.
Já nem falo em outros bens de primeira necessidade.
Por isso, fico sempre maravilhado como estes cálculos são feitos.
No meu caso, o aumento de encargos fixos, sem grande possibilidade de alteração, excede largamente os 5%.
Mas oficialmente é só de 2 e picos por cento e esse é o referencial para a minha actualização salarial.
Significa isto que vou perder, no mínimo, 3% em termos reais.
Mas não é isso que os especialistas me dizem.
Com certeza que os valores que eles usam são "médias".
Percebo.
Significa que ainda há quem perca mais do que eu (quem tenha maiores empréstimos para pagamento da habitação ou quem faça maior quilometragem diária), mas também há quem não perca nada e até ganhe.
Esses é que eu gostava de conhecer, para saber como deveria ter organizado a minha vidinha (como arranjar maneira de ir às compras e tratar de outros assuntos com o veículo automóvel da entidade empregadora, em mpleno horário do expediente, por exemplo).
Mas agora já é tarde.
Mas se o combustível está tão caro, porque não usar os transportes públicos ?
Boa ideia, mas mais fácil de apregoar do que de praticar.
Para conjugar horários, não posso estar dependente do encaixe de dois ou três transportes diferentes, para além de que o pagamento de dois pacotes de passes sociais para as cabeças de casal (pois, por lá por casa a paridade é mefectiva), mais a necessidade de usar o carro para levar e ir buscar a miúda ao infantário, etc, etc, tornam esse recurso meramente hipotético e nada prático.
Percebo que, perante estes apertos, todas as outras questões se tornem acessórias.
O que interessa é arranjar casa barata, mesmo que de qualidade duvidosa.
O que pressiona a vida é o pagamento das contas a tempo e horas.
Perante isso, percebo bem porque muito do que me preocupa e ocupa o AVP é lateral para as preocupações de muitos dos meus concidadãos que, aflitinhos como andam, já não têm capacidade de se concentrar em tudo o que resto que lhes vai passado ao lado.

Felismino Suburbano

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