domingo, abril 30, 2006

Cá para mim é de todos...









... e não só de alguns.
O 1º de Maio que muitos não puderam comemorar durante décadas foi, em 1974, talvez a maior manifestação de alegria colectiva de um povo oprimido.
A partir de então foi campo de luta, de divisões e de apropriações por muitos que não têm qualquer direito ou legitimidade para se apropriarem de uma data que é de todos os que trabalham e que nela se identificam.
Estou longe de ter conhecido as agruras por que passaram as gerações que tentaram, antes do 25 de Abril, comemorar o Dia do Trabalhador, assim como, por defeito do meu feitio pouco gregário, tendo a não meter-me em manifestações quando as sinto instrumentalizadas.
Nunca fui sindicalizado, eu sei.
Mas eu sempre achei que os nossos sindicatos estavam longe de ser aquilo que eu entendo como verdadeiros representantes dos interesses dos trabalhadores, como o foram durante muito tempo, por exemplo os sindicatos ingleses.
Até à ascensão da criatura-Blair, o Partido Trabalhista era uma emanação política do movimento sindical. Por cá, sempre foi ao contrário, os sindicatos sempre funcionaram muito mais como correntes de transmissão dos interesses partidários e muitas vezes os trabalhadores foram a carne para canhão de lutas que só na aparência eram mesmo deles.
Mas também é verdade que sempre lutei pelos meus direitos e pelos dos meus colegas, quando trabalhei para outrém, muitas vezes arriscando mais do que devia.
Quando fui patrão de mim mesmo, também tive razões de queixa, mas evitei a greve por meras questões de gestão.
Mas desses aspectos anedóticos falarei melhor logo que tenha tempo.
A verdade é que, sentindo no 1º de Maio uma das datas significativas e incontornáveis da História, sempre desconfio quando alguém a quer reclamar como sua.
O 1º de Maio é, em última instância, de todos nós em plano de igualdade, sem superioridades morais ou legitimidades acrescidas.
O 1º de Maio só não é de quem nele não se sente reflectido nos seus interesses.
E eu, a caminho dos 20 anos de trabalho, nunca por filiações ou amiguismos, a larga maioria deles com vínculo precário e quantas vezes, nos primeiros tempos, com longos meses de desemprego, sinto que o 1º de Maio também é um bocadinho, mesmo se infinitesimal, meu.

AV1 (com imagens alusivas de várias origens e para todos os gostos)

3 comentários:

AV disse...

Camarada AV1, estás a falar de quando ?
O movimento anarco-sindicalista, sempre foi o motor das lutas operárias em Portugal, contra todos os partidos e defensor da Anarquia, isto até à década de 1930.
Ou estou enganado ?

AV2

AV disse...

Estou a falar dos "despois" que tem vindo até ao "agora", se é que me entendes.
Claro que em Portugal o 1º de Maio é uma efeméride essencialmente com raízes no anarco-sindicalismo e até no republicanismo socialista anti-monárquico (mas esses depois fartaram-se...).


AV1

AV disse...

Ah, estás a falar dos Sociais-fascistas a apropriarem-se da luta dos trabalhadores.
Nunca nos podemos esquecer que os "comunistas" autoritários é que contribuiram para a destruição do Anarco-Sindicalismo aqui em Portugal !
O marxismo nunca evoluiu nem na Russia nem na China para a abdicação do poder, limitando-se a manter a ditadura do "proletariado" e depois apenas a ditadura !
Marx traiu a classe operária, logo na 1ª Internacional, quando não apoiou a ideia libertária de Bakunine de que não pode haver estado !
Lenine foi um ditador e os outros uma corja de bandidos !

AV2