sexta-feira, abril 28, 2006

O Estado da Saúde III

Um familiar meu, rapaz ainda a meio dos trintas, com uma vida muito activa e um corpanzil de atleta - mesmo se com um pequeno pneu nascente, que isto calha a todos - acordou no passado fim de semana com uma perna anormalmente inchada do joelho para baixo.
Não vendo evolução favorável na coisa, dirigiu-se na 2ª feira ao serviço de urgências de um hospital público.
Levou com o serviço de triagem (é o de Manchester, mesmo se este ano devia ser o do Arsenal) em cima e foi declarado caso não muito prioritário.
Algumas horas depois foi visto finalmente por pessoal médico que olhou, olhou, não adiantou muito e mandou-o regressar no dia seguinte para fazer uns exames.
Rapaz bem mais cordato do que eu, ele foi-se embora e voltou no dia seguinte, só por acaso dia 25 de Abril e feriado nacional. Claro que não havia ninguém para fazer os tais exames e ele voltou de novo para casa.
Na 4ª feira, já com a perna muito dorida, para além de inchada, e com uma mancha negra a aparecer-lhe voltou ao serviço de urgências e, de novo após várias horas de espera, entrou num consultório onde estavam vários médicos em amena cavaqueira sobre a "ponte", enquanto um fazia paciências no computador.
os outros olharam para a perna e dissseram com ar casual que aquilo "deve ter sido uma trombose, mas que agora já é tarde para se fazer grandes exames e o melhor é levar estas injecções e logo se vê". E passa adiante e chama o próximo.
E lá está ele em casa, com uma receita de oito injecções para levar na barriga e a perninha igual ao que estava antes de ir ao hospital e ser tão dignamente atendido e respeitado nos seus direitos de doente.
Ele é bem mais educado do que eu pois parece que, em todo este processo, não levantou a voz, não agarrou nenhum médico pela labita (e ele tem tamanho para isso), não fez qualquer reclamação, nada. Tudo porque tem receio de ainda o tratarem pior lá mais para a frente.
Eu mandei-o ir a um consultório particular, porque nada daquilo me parece normal, da doença ao tratamento.
Mas isso devo ser eu que vejo muitas séries de televisão.

Zé Migas (com mais histórias caricatas destas, bem recentes e de outros hospitais)

1 comentário:

Ponto Verde disse...

Segundo o vizinho autarca do Seixal isso resolve-se com mais hospitais...