... mas vou aqui dizer que a morte de Álvaro Cunhal me toca. Eu não sou comunista, nunca fui filiado em nenhum partido, mas considero-me um apolítico de esquerda. Convictamente de esquerda. O meu pai é militante do PCP, a minha mãe simpatizante e, como eu já contei numa edição antiga do HÁ VIDA EM MARKL, as primeiras bandas desenhadas que fiz na vida fundiam Heidi, Mário Soares, Pato Donald, Álvaro Cunhal, Mickey, Abelha Maia e Ramalho Eanes. Depois de o usar como parceiro de bonecos animados, sempre senti uma forte admiração por Álvaro Cunhal. Se havia alguém digno das palavras "mito vivo" era ele; no meio de um mar de políticos de gabinete e vira-casacas, eis uma espécie de super-herói de carne e osso, íntegro até à última e que viveu a política na pele (e por vezes de forma particularmente dolorosa). Cunhal merece um respeito unânime (e houve gente de todos os quadrantes políticos a manifestá-lo com uma rara sinceridade), pelo que, quando ontem, naquele programa da tarde da SIC Notícias, surge uma senhora benzoca a dizer que não percebia porque é que se estava a fazer tanto alarido com a morte de - nas palavras dela - "um ditador" (quê?), fiquei com vontade que o famoso homem de armadura com a galinha na mão, imortal criação dos Monty Python, surgisse por trás da dita senhora e lhe desse uma galinhada certeira na pinha.»
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