Ouvi episodicamente o debate na AR sobre a Educação.
Como terão reparado aqui não se meteu o nariz na questão da greve por várias razões, entre as quais a menor não será a minha desconfiança quanto à (falta de ) ligação dos sindicatos à realidade e o seu enquistamento progressivo sobre si mesmos (casos da FENPROF e FNE) ou então o carácter nebuloso da sua criação e manutenção (a míriade de sindicatozecos criados com dinheiros que não se sabe de onde surgiram e que só servem para dar tachinhos a alguns dos seus dirigentes).
Quanto ao resto, só posso concordar com a necessidade de tornar a Educação (tal como a Saúde) uma prioridade a sério no nosso país, que passe por mais do discursos bonitos e enterrar dinheiro para nada.
Somos dos países que, NO MUNDO, mais dinheiro gasta no sector da Educação per capita e somos dos que apresentam piores resultados.
Causas para isso:
MUITAS, quase todas devidas a uma pobreza fransciscana da direcção política do Ministério, ao acomodamento de muitos actores do sistema e a má gestão dos recursos, normalmente canalizados para o que não é prioritário ou então para "capelinhas".
Vamos por partes:
Exceptuando o Roberto Carneiro e, em parte, o Marçal Grilo, nenhum dos Ministros dos últimos 25 anos investiu no rigor como factor essencial para a Qualidade do Ensino. Coutos dos Santos e Anas Benaventes são do pior que poderiam aparecer no ME e só estragaram o pouco que restava, o primeiro por incompetência e a segunda por adesão cega a teorias mais do que ultrapassadas, que deixaram os docentes como o último elo na escala da autoridade na Escola e na sala de aula.
Quanto a quem trabalha no terreno, por muito boa vontade que se tenha, a desorganização do topo reflecte-se sempre por aí abaixo. Para além disso, a formação de professores (em especial nos aviários que são as ESES's e nos Piaget's que por aí enxameiam) decaiu imenso em qualidade, pois a pedagogia em vex de ser aliar ao conhecimento, acabou por querer substitui-lo. A formação contínua é uma anedota e apenas uma maneira dos Centros de Formação distribuirem durante anos generosas verbas do PRODEP a "formadores" que iam em algumas semanas de "aulas" pagar as férias desse ano. Os órgãos de gestão das Escolas, muitas vezes anos a fio sem dar aulas ou habituados aos poderzinhos que têm, poucas vezes têm uma visão estratégica para as escolas. Por fim, os sindicatos, cada vez menos influentes, limitaram-se aos tiques do costume com as grevezitas da praxe.
Para acabar em beleza, os alunos, como é óbvio, apenas se foram adptando a um sistema que os torna cobaias e os vê - a partir de cima - como números e estatísticas que é preciso melhorar, a bem ou a mal.
As escolas hoje são depósitos de crianças, dos quais se espera o milagre de formarem cidadãos exemplares (desde que não se lhes imponha Autoridade e Ordem) e profissionais de qualidade (desde que se lhes não imponha o Conhecimento e o Esforço).
Tudo o resto, do Inglês na 3ª classe A mais horas de aulas, passando por pagar ou não aos estagiários ou a reformar mais ou menos cedo os docentes, são flores na jarra da profunda incompetência técnica e cobardia política que levou a Educação para um beco sem saída, em nome da defesa de princípios que teriam muita lógica nos anos 60 mas que, agora, só nos empurram mais para o fundo.
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