sexta-feira, julho 01, 2005

Já jantei, portanto...

Ora vamos lá a isto !
Vai ser longo, que é para ficar bem explicadinho.
Armem-se de paciência ou então saltem esta página.

1.
Começando:
Uma simples declaração de satisfação pela publicitação dos candidatos autárquicos do BE local levou a uma ou outra acusação menos ou mais dissimulada quanto às nossas reais motivações e ambições aqui no AVP
O mesmo já se passou quando demos eco a algumas críticas do PS à gestão CDU da CMM (então éramos prolongamentos blogosféricos dos socialistas) e, curiosamente, quando aqui se declarou o voto na CDU nas Legislativas, também houve quem aproveitasse para dizer que afinal não passávamos de comunas encobertos.
Nada disso me incomoda.
Acho apenas que a tentativa de colar rótulos apressados às pessoas e, por tabela, às suas ideias, não leva a lado nenhum e apenas ajuda a inquinar qualquer tipo de debate.
Pela parte que me toca, até que alguns leitores assumiram o seu alinhamento partidário, nunca discuti as suas ideias por mais do que o que elas eram, nem acusei ninguém de estar errado só porque é de determinada agremiação partidária.
Cumpre sempre recordar que nos declaramos contra o poder “moiteiro” e não contra a CDU, mas isso parece passar sempre por desculpa para alguns dos nossos visitantes.
E já repetidamente definimos “poder moiteiro” não necessariamente como poder da Moita ou de moitenses, mas como uma forma pacóvia, enviesada, parcial, incompetente e, por consequência, injusta de exercer o poder, principalmente o político mas não só...
Portanto, vamos deixar os rótulos, pelo menos por agora e passemos a analisar o que objectivamente acho do panorama pré-eleitoral do concelho da Moita, em geral, e da actual candidatura do BE, em particular.

2.
Recapitulemos:
Até esta semana, eu tinha como alternativas declaradas para as próximas autárquicas, a continuidade da actual equipa da CDU na CMM, uma candidatura bastante agressiva do PS e um saracoteio populista pela aliança PSD/CDS (desculpem-me, mas é mais forte do que eu... sempre que penso nos cartazes e reportagem sobre o candidato L. Nascimento tenho uma reacção só equiparável ao visionamento de uma integral da série The Office, ou seja, misto de gozo e embaraço).
Já se viu que acho que a CDU governou mal nestes últimos 30 anos e que fez o mínimo dos mínimos, em especial quando foi necessário optar entre transformar o concelho num dormitório incaracterístico (mais ou menos bois) ou em algo diferente. J. Lobo parece trazer um ar mais cosmopolita para o exterior, mas o resto da equipa é apenas mais do mesmo e premiar o passado.
Também já se viu que considero que a candidatura do PS não tem Alhos Vedros na metade superior das suas prioridades, o que ficou bem expresso nos documentos de lançamento da dita candidatura. Pelo contrário, o PS local parece dividido entre uma liderança com laivos de “moitice” declarado e uma entourage centrada na Baixa da Banheira e na cativação do seu eleitorado.
Penso que não vale a pena prolongar-me sobre o que acho da candidatura PSD/CDS, para não ser acusado de ser sardónico ou jocoso em excesso. Apenas assinalo que o nosso (ex ?, actual ?, ocasional?) leitor e polemista dessa área política (JT Maurício) desapareceu de vista e transferiu-se como opinador para outras paragens (jornal Primeira Página de Palmela/Setúbal).
Por isso, e perante a indecisão bloquista, já tinha afirmado que tenderia para a abstenção, se tudo continuasse como estava.

3.
Concentremo-nos então no que mudou.
O Bloco, formação partidária pela qual nutro, no plano nacional, extremo desdém e desconfiança, apresentou localmente os seus candidatos, nomeadamente o Joaquim Raminhos Cabaça à CMM e o Carlos Vardasca à JFAV. Confesso que preferiria uma concentração de esforços na candidatura à JFAV como primeiro passo para outros voos. Mas, não mando neles, por isso...
Ora, e embora eu só de raspão possa considerar-me um cacaviano dos primeiros tempos, nunca fui sido udepista e muito menos pêesserista (cruz credo), mas conheço o Raminhos (razoavelmente bem há uns 25 ou mais anos) e o Vardasca (pior, mais episodicamente, há uma dúzia e tal de anos).
Independentemente das minhas divergências quanto a alguns aspectos da sua acção a nível local (o estilo organizacional da CACAV não faz o meu género, bem como aquelas iniciativas inspiradas em coisas muito passadistas, tipo Agostinho da Silva forever), acho que são pessoas que me dão maiores garantias de uma acção política equilibrada e menos vulnerável a certas tentações (embora eu não dê a minha mão direita por ninguém).
Por isso, gostei que se apresentassem com esta equipa e ponho a hipótese de votar neles.
Sei que não vão ganhar. Mas eu não voto/jogo só para ganhar. Voto em consciência (ou não voto) conforme as circunstância concretas.
E neste caso, acho que, mais que não seja para o Bloco se assumir, caso a sua posição for decisiva em caso de empate técnico entre a CDU e o PS (cenário bem provável), seria vantajoso que tivessem uma votação acima dos 10%.
Isto mesmo atendendo a que, de diversas maneiras, senti a extrema desconfiança da CACAV e das pessoas do Bloco de Alhos Vedros em relação ao AVP (o que, depois de algumas críticas nossas ao Bloco nacional, é compreensível), pois nunca apareceram ou se apareceram, fizeram-no muito disfarçadamente.
Garanto-vos, pois, que se um dia formalizar claramente o meu sentido de voto nos candidatos do Bloco, faço-o em função das pessoas em causa e, como o outro, tapando o símbolo da colectividade.
E fá-lo-ei, sem esperar que mo agradeçam ou me venham oferecer um moscatel de honra.
Gosto, mas prefiro ginginha.
Ou apenas água fresca.

AV1

(O AV2 logo dirá de sua justiça, quando lhe apetecer. Aqui no rebanho, cada um puxa para o seu lado, é só ovelhas negras.)

(Obrigado a quem teve paciência. Muito obrigado aos que me entenderam.. Paciência para os restantes que não perceberam ainda a coisa ou acham que continuo a disfarçar. Desculpas a quem não vem cá para isto).

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