sexta-feira, julho 15, 2005

O Encosto

Acedi, enfim, a uma maravilhosa prosa do aparelhista CDU Manuel Madeira, publicada no recente Jornal da Moita.
O AV2 já anda de pena em riste para ripostar, qual guardião da verdade e dos bons costumes, em defesa do Vardasca, destratado vilmente no referido texto, assim como às posições do Bloco. Mas eu não resisto também a dar a minha bicada neste cromo repetido.
Com um vocabulário algo caricato - "olhos vidrados pelo poder" e outras pérolas de literacia que fazem lembrar os velhos tempos em que se obrigavam os dissidentes a retratarem-se publicamente e a abjurarem das fés ímpias (a mim próprio também está deslizando o pé para a chinela retórica...), Manuel Madeira faz a defesa cerrada da acção da CMM e avança, qual exército de um só soldado, contra os moinhos de vento que lhe toldam o olhar não vidrado pelo poder.
Embora acuse os outros de papagaios, acaba por não fazer mais do que papaguear a propaganda oficial da CDU/CMM, não adiantando nada de novo ao que já se percebeu que ele (não) sabe.
Para terminar em beleza e no mais absoluto ridículo passadista, até vai buscar um passado anti-ditadura para legitimar as suas posições e dar um ar de grande autoridade moral aos seus argumentos.
Portanto, quem não tiver lutado contra a ditadura não se lhe pode comparar em grandeza e qualidade de opiniões.
Ainda hei-de perguntar aos meus familiares que lutaram contra a ditadura quando o caríssimo MM andava de calçanito se o conhecem de algum lado.
Pensando bem, o melhor era avisar toda a malta da JCP que mais vale ficar calada porque, não tendo lutado contra a ditadura, não sabe do que fala.
Foi com argumentos desses que o João Soares se lixou há 4 anos em Lisboa.
É com atitudes dessas, e textos como o seu, que a CDU ainda se lixa na Moita.
Olhe, caro MM, eu que sou da terra há 40 anos e nunca o vi mais gordo ou mais magro à minha frente a defender seja o que for.
É verdade que tenho uma certa falta de vista e sou selectivo nos objectos em que retenho o meu olhar, mas mesmo assim, escapa-me de onde vem a sua relevância política.
Aliás, se o conheço, é porque a sua foto aparece nos jornais por cima destas prosas do mais deslavado seguidismo partidário.
No presente caso, só acho que se enganou no título.
Em vez de O Embuste, devia ter escrito O Encosto.
E qual encosto será esse: o seu, meu caro, o seu...

AV1

Nota final: Como de costume esperam-se reacções acaloradas daqueles que nos acusam de, a coberto do anonimato, atacarmos quem tem a coragem de "dar a cara". Ora bem, e de uma vez, nós não somos anónimos, escrevemos é sob pseudónimo e, portanto, somos incógnitos. Tá percebido ? É para que não tenhamos ainda de chamar iletrado a ninguém com justificação.
Quanto ao dar a cara, não é por nada, mas cada um dá o que quer.
Nós não queremos dar a nossa, porque gostamos muito dela, e ninguém tem nada com isso.

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