quinta-feira, abril 13, 2006

Crónica Internacional I

Na Itália, e como é tradicional, a confusão está instalada.
Nada de novo no país, que sendo dos mais desenvolvidos da Europa, vive numa confusão política há 60 anos, feita de arranjos, compromissos e combinações variadíssimas, para manter estes ou aqueles no ou fora do Poder.
Desta vez, do Centro-Esquerda à Esquerda mais extrema todos se uniram para afastar Berlusconi e arranjaram como testa de ferro uma cara cinzenta cfapaz de não desagradar à maioria.
Com umas eleições atribuladas, A União ganhou uma boa maioria na Câmara dos Deputados, mas uma maioria tangencial no Senado, enquanto muitos imbróglios, verdadeiros ou inventados, têm permitido a Berlusconi não admitir a derrota.
Entretanto, à Esquerda a união precária contra Berlusconi já começou a apresentar brechas, porque aquele emaranhado de 13 partidos que constituíram a União (8 com deputados eleitos) só se vão entender mais do que 6 meses por milagre, em virtude das guerrilhas tácticas de proximidade.
O problema é que a Casa das Liberdades, embora com apenas 281 deputados, tem 277 concentrados em apenas 4 forças partidárias (a Forza Itália de Berlusconi, a Alianza Nationale de Fini, a Lega Nord de Bossi e os Democratas-Cristãos) que tinham o poder e o querem manter cada qual com o seu "nicho político" não conflitual, enquanto A União, apesar dos 220 deputados do partido da Oliveira, precisa depois de arranjar um equilíbrio com partidos que não passam de cisões dos velhos partidos de esquerda, seja a Refundação Comunista (41 deputados), A Rosa no Punho (18), os Comunistas Italianos (16), o Partidos dos Valores do antigo juiz Di Pietro (16), os Verdes (15), para não falar em mais um par deles.
Para além de que para o Senado a Forza Italia foi de longe a mais votada e a Casa das Liberdades até teve mais de 50% dos votos expressos.
Uma bela confusão.
É como se para formar governo, o Sócrates e o seu actual PS centrista tivesse necessidade de se aliar, não apenas ao PC ou ao Bloco, mas aos dois e ainda mais a um outro partido qualquer tipo um movimento alegrista.
Muitas inimizades por sanar, muitos conflitos por resolver, muitas rivalidades por apaziguar.
Tudo aquilo que a direita italiana conseguiu resolver há meia dúzia de anos em nome de se governar.
Mas a verdade é que com tudo isto, mais Mafias, Camorras e outras coisas afins, a Itália ainda é um membro do G8 e nós nem com maiorias absolutas monopartidárias nos safamos de ser os atrasadinhos da Europa.

AV1

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