Em França, a decisão governamental de avançar com o projecto conhecido como CPE, que precarizava o primeiro emprego dos jovens até aos 26 anos foi deixada cair a mando do presidente Chirac, perante a generalização dos protestos.
Perante isto, há a natural reacção de júbilo de todos os que estavam do lado da barricada dos manifestantes e algum desânimo nas hostes adversas, com o descrédito a abater-se sobre Dominique de Villepin e o seu governo.
Essa é a leitura à flor da pele dos acontecimentos.
Em segundo plano fluem outras correntes, muito ligadas às estratégias do centro-direita para as presidenciais de 2009, que alguns dizem estarem a ser objecto de um jogo de xadrez entre Chirac e os seus candidatos a sucessores.
Com os protestos dos subúrbios de Paris de há meses, foi um dos pré-candidatos mais fortes da Direita mais autoritária (Sarkozy, o Ministro do Interior) a ficar escaldado.
Agora foi o mais moderado Villepin a ser desautorizado.
No fundo, Chirac parece querer - à moda de Miterrand - criar um lugar à parte para si na História da República Francesa.
Cedendo aos clamores populares, arrefece as tensões e mostra-se alguém sensível aos protestos, não alienando de vez grande parte do eleitorado.
Entretanto, vai vendo os seus potenciais delfins queimaram-se no exercício mais direcxto do poder executivo.
Será que tudo isto apenas vai servir para aplainar o caminho para uma investida de Chirac quanto a um inédito terceiro mandato ? Em 2009, o homem vai ter 77 anos o que, pelos nossos padrões de recentes candidatos presidenciais, o colocaria um pouco além da meia idade.
AV1
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