Refiro-me a centros comerciais, grandes superfícies e respectivas afluências e padrões de consumo.
A verdade é que abomino estes espaços em fins-de-semana e épocas festivas.
Mas, para mal dos meus pecados, algumas obrigações e necessidades de momento, fizeram-me passar estes últimos dias por quatro das grandes superfícies da Margem Sul no horário da manhã/almoço.
O contraste é brutal entre tudo o resto e o Feira Nova ali do Lavradio.
Às 10-11 da manhã já o Almada Fórum já regurgita de gente e eu nem penso lá passar a hora de almoço.
O RioSul Shopping, apesar de mais moderado, vai pelo mesmo caminho à aproximação do mei-dia, da abertura dos cinemas e dos morfes.
O Fórum do Montijo faz-me pensar onde é que aquela malta toda andava antes de aquilo ter aparecido.
Em contrapartida, chego hoje pelas 13 horas ao Feira Nova e aquilo parece um deserto.
As lojas fecham por falta de clientela que as mantenha.
A falta de lojas, por seu lado, desencoraja grandes afluências de clientes.
Também é verdade que esta zona é, como se tem visto pelos indicadores conhecidos, das mais pobres da zona de Lisboa e Vale do Tejo ou mesmo da Península de Setúbal.
Mas o pessoal há-de estar nalgum lado, nem todos estão em casa ou no Algarve, no recreio do costume.
Tem as suas vantagens, que é poder almoçar - é verdade que sem grandes alternativas na oferta - em clima calmo e ainda ir às compras em razoável sossego, enquanto há atropelo e tropel em todos os outros lados.
Só que dá um ar de desertificação que nem em muitas zonas do interior se encontra.
É verdade que a concorrência é forte.
Mas também é verdade que há, por um lado, um desinvestimento perante a ameaça do Fórum Barreiro e, por outro, um enorme desejo das pessoas se afastarem desta zona quando têm tempo e possibilidades de o fazerem.
Pois em Almada ou no Montijo, lá encontramos a "laurear a pevide" (como bem recordou no outro dia o Oliude), a malta da Moita, da Baixa da Banheira e do Barreiro, muitas vezes em alargada excursão familiar.
O problema é que, por estas bandas, parece que o que nasce, nasce torto, enfezado, estruturalmente raquítico ou não apelativo.
Não há "âncoras" para atrair as pessoas conforme os gostos, nem sequer os cinemas, que depois não têm nenhum tipo de complemento em seu redor.
Não há uma casa de dimensão e qualidade na área do audiovisual e dos livros, para além da oferta dos hipermercados.
As zonas de convívio e lazer são pouco atraentes (embora já tenham estado pior).
Tudo parece cinzento e triste como um passeio por Alhos Vedros num Domingo à tarde ou uma ida ao Parque das Salinas seja em que altura for.
Uma sensação de vazio, de abandono, paredes-meias com alguma claustrofobia.
Lisboa está a poucos minutos de barco, está bem.
Mas também está de Almada, do Montijo ou do Seixal.
Porquê então esta negação ?
António de Jesus da Silva (cidadão comum)
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