Uma pessoa está sempre a aprender !

E a missão da imprensa é, para além da informação, a formação dos seus leitores e cidadãos.
Neste contexto, o monumental especial do Jornal da Moita sobre o 25 de Abril é um manancial bastante férttil de informações que enriquece a nossa formação sobre os antecedentes, decurso e consequências mais imediatas da revolução de 1974.
Para além de várias formas inovadoras de utilização da nossa língua, em especial no que se trata da sintaxe, aprendi que muito do que pensava saber (tal como outros) estava errado pois:

a) Em 28 de Maio foi implantado um regime autoritário de inspiração fascista, que seria "remodelado" em 1933, auto-denominando-se "Estado Novo". Antes eu tinha ideia de ter havido uma coisa chamada Constituição de 1933, plebiscitada, na qual sim se inscreve o nascimento do Estado Novo. Ando a ler os livros de História errados.

b) A polícia política perseguia "os opositores do regime". Eu andava enganado pensando que perseguia os opositores ao regime. Erro meu, de novo.

c) Aparentemente os ideólogos do regime do Estado Novo baseavam a sua política apenas na manutenção das possessões ultramarinas. Pronto, se era só isso...

d) O país permaneceu pobre até 1960, o que estimulou a emigração. Não tinha percebido que, entretanto, tínhamos ficado ricos e eu devia ter informado os meus parentes que emigraram mais tarde que estavam enganados e que cá a vida já estava boa.

e) Na preparação do 25 de Abril, não existiu qualquer tentativa abortada, conhecida como "Golpe das Caldas" em 16 de Março de 1974.

f) Salgueiro Maia era comandante, uma singularidade premonitória no chamado "Movimento dos Capitães".

g) Os presos em Caxias foram logo libertados no dia 25 e não no dia seguinte.

h) O PREC terá durado entre 2 e 30 anos, pois terá sido durante esse período que as "colónias africanas e Timor Leste tornaram-se independentes". Como o PAIGC declarou a Guiné-Bissau independente ainda em 1973, sendo o seu reconhecimento por Portugal conseguido em 9 de Setembro de 1974 (com cerimónia no dia 10 em Lisboa, e entrada na ONU a 17 de Setembro como o seu 138º país, ainda antes da tentativa de golpe da maioria silenciosa em 28 desse mês) e Timor-Leste em 20 de Maio de 2002, no mínimo teremos vivido uns 28 anos de PREC.

Mas vou ficar por aqui porque já tenho muita matéria para digerir.
Só é pena o texto ser anónimo (na única e verdadeira acepção do termo, pois nem lá aparece qualquer pseudónimo ou nick que, à sua maneira, sempre são nomes), porque gostaria de promover um debate sobre o tema com o seu/sua/seus/suas autores(as), pois muito haveria certamente a aprender.
Nem sei como há quem deixe publicar textos anónimos sobre matérias tão sensíveis, pois os autores têm direito a ser glorificados pelo seu trabalho.

Rebuscadinho Bibliófilo (especialista em História e Mitos do AVP)