Política Moderna, Abril de 1999
3ª fase – O 25 de Abril como Evolução
A terceira fase deste processo de construção da memória inicia-se com a confluência de diversos factores: antes de mais com o avançar da governação maioritária do PSD de Cavaco Silva e o declínio eleitoral da esquerda marxista; em seguida, com o aparecimento das televisões privadas que, por várias razões, leva ao alargamento das figuras recrutadas para produzir materiais e análises sobre o 25 de Abril nos momentos da sua comemoração; por fim, com o completar dos 20 e 25 anos da data. Com efeito, 1994 e 1999 marcam dois pontos muito interessantes na evolução da forma como o 25 de Abril é apresentado a toda uma geração de jovens que não eram ainda nascidos ou eram muito pequenos em 1974. Esta é a fase em que o “revisionismo” se torna mais forte e em que a memória já é construída em grande parte pelos “vencedores” finais de todo o processo, numa versão para “ser contada às crianças” e às gerações vindouras. Este é o momento, em que, por fim, a versão da História é aquela que coincide com os interesses do(s) grupo(s) que conseguiram sair vencedores de todo o processo.
A terceira fase deste processo de construção da memória inicia-se com a confluência de diversos factores: antes de mais com o avançar da governação maioritária do PSD de Cavaco Silva e o declínio eleitoral da esquerda marxista; em seguida, com o aparecimento das televisões privadas que, por várias razões, leva ao alargamento das figuras recrutadas para produzir materiais e análises sobre o 25 de Abril nos momentos da sua comemoração; por fim, com o completar dos 20 e 25 anos da data. Com efeito, 1994 e 1999 marcam dois pontos muito interessantes na evolução da forma como o 25 de Abril é apresentado a toda uma geração de jovens que não eram ainda nascidos ou eram muito pequenos em 1974. Esta é a fase em que o “revisionismo” se torna mais forte e em que a memória já é construída em grande parte pelos “vencedores” finais de todo o processo, numa versão para “ser contada às crianças” e às gerações vindouras. Este é o momento, em que, por fim, a versão da História é aquela que coincide com os interesses do(s) grupo(s) que conseguiram sair vencedores de todo o processo.
Em 1994, seria o primeiro grande momento da mediatização do 25 de Abril como História, com a RTP, a SIC e a TVI a investirem em séries documentais e em grandes debates sobre a data, em que quase todas as tendências teriam direito à palavra, mas em que a imagem final já correspondia a uma visão mais asséptica e consensual dos acontecimentos. A revolução continuava a sê-lo, mas... a ditadura continuava a sê-lo, mas... passariam a procurar-se mais os pontos de contacto do que os cortes radiciais. A Revolução preparava-se para se tornar Evolução.
Em 1999 seria a vez de, mais do mediatização, se investir na estetização das comemorações; é dos “25 do 25” que encontramos alguns dos momentos gráficos mais conseguidos de sempre sobre o 25 de Abril. Já toda uma geração nasceu e cresceu no pós-1974, conhecendo os acontecimentos mediante alguma transmissão oral das memórias familiares, mas principalmente por uma versão resumida ensinada nas escolas, à pressa, no final dos 6º e 9º anos de escolaridade e pelo que a televisão e a imprensa mostram. E o que mostra a televisão ? Pouco de novo e muito de simplista ou confuso, com debates em que a discussão se torna confusa, entre aqueles que tentam apoderar-se de uma memória cada vez mais desligada dos acontecimentos. Temos direito, nos dois extremos do espectro político, a versões apresentadas como históricas de figuras menores da época, como Jaime Nogueira Pinto e Fernando Rosas, igualmente distorcidas pelo empenho em sublinhar o papel da sua própria facção. E o que mostra a imprensa ? Mostra listas de nomes, sem particular hierarquização crítica, dicionários de termos com uma aura nostálgica, ensaios fotográficos em que se dá a primazia à beleza da forma do que ao conteúdo. No meio de tudo isso, apenas um factor claramente positivo, embora certamente ditado pela conveniência do óbito que o afasta das lutas a que sempre pareceu avesso, foi o da recuperação da figura central de Salgueiro Maia no dia 25 de Abril de 1974.
Chegados a 2004, aos 30 anos de idade do 25 de Abril, a Revolução torna-se Evolução, pela mão do historiador Costa Pinto, um homem para todas as épocas, capaz de captar o espírito dos tempos.
(Continua...)
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António da Costa
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