segunda-feira, abril 25, 2005

O 25 de Abril - A Estante



A bibliografia essencial para compreender o 25 de Abril, o regime autoritário que o antecedeu e a democracia que lhe sucedeu, começa a ter alguma riqueza quantitativa, mesmo se ainda não prima pela diversidade qualitativa.
Significa isso que, em especial na última década muito foi produzido em quantidade, mesmo se o mesmo nem sempre teve correspondência na qualidade e, muito especial, na diversidade.
Temos alguns acantonamentos académicos clientelares, fiéis a determinadas doutrinas e pouco escapa a isso.
Mas, tristezas à parte, convém assinalar aqui alguns marcos desse percurso bibliográfico de três décadas.
Comecemos por este volume de Actas, resultante do primeiro grande encontro de historiadores, sociólogos e politólogos (e não só...) portugueses em torno do Fascismo em Portugal.
Aconteceu em Março de 1980 na Faculdade de Letras e aí surgiram alguns estudos seminais para a compreensão do Estado Novo em Portugal, muito particularmente do seu período inicial pré-II Guerra Mundial, quando a ditadura portuguesa estava em consonância com o espírito dos tempos. Nomes como Piteira Santos, Villaverde Cabral, Braga da Cruz, Pacheco Pereira, António José Telo, António Costa Pinto, entre outros, apresentavam trabalho feito e, apesar de tudo, com algum distanciamento histórico e não apenas como panfletos contra o regime salazarista.
Publicado pela editora A Regra do Jogo, ligada a João Soares, este é, na minha opinião, o primeiro marco bibliográfico decisivo da produção ensaística nacional sobre o Estado Novo que ultrapassa o simples estatuto de "escrita comprometida" com os acontecimentos.

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