segunda-feira, abril 25, 2005

Interlúdio

Já aqui assinalámos há tempos o aparecimento no nosso blog – nomeadamente nas caixas de comentários – dos chamados “meta-críticos”, ou seja, daqueles que nos criticam por sermos apenas críticos, mas que eles próprios não fazem mais do que isso – e em segunda mão.
O mais conhecido – ou conhecida, porque me pareceu ser do belo sexo – assinava como ABF.
Sempre que o(a) convidei para expor as suas ideias e demonstrar o equívoco das nossas, desapareceu durante uns tempos e, a partir de certa altura, deixou de comentar ou assimiu novo nick/pseudónimo.
Esclareçamos o seguinte:
Aqui no blog ninguém se incomoda com comentários ou críticas por anónimos ou incógnitos, porque o que nos interessa são as ideias e os argumentos e não necessariamente o nome das pessoas. Ao contrário de alguns leitores, não nos incomoda responder a textos assinados com iniciais. E não assinamos com o nosso nome porque não queremos comentários daqueles tipo Barnabé, em que aparecem só para dar beijinhos ou para relembrar episódios do passado comum.
Só que – e infelizmente – alguns dos que nos criticam por assinarmos sob pseudónimo e só sermos do contra, não fazem melhor, muito pelo contrário, pois também assinam com pseudónimo e são contra os que estão contra, mas não dizem abertamente a favor do que estão.
Há uns dias voltaram estes comentários “meta-críticos”, só que agora com pseudónimos florais e outros.
Tudo bem. Vivemos com isso com a melhor das disposições.
E sejamos claros. Não temos o mínimo interesse em conhecer a respectiva identidade.
Quase por certo já nos conhecemos no passado e, graças ao destino, o presente não nos obriga a cruzarmo-nos com frequência. Aliás, ainda não existe reportagem sobre a exposição da AAG, porque não quis correr o risco de encontrar alguns desses rostos que gostam de aparecer, muito dizer e pouco fazer.
Só que, como gostamos de dar a palavra a quem parece tê-la e saber muito (já que nos acusa de não sabermos nada e so escrevermos disparates não fundamentados), insistimos em convidar essas pessoas a manifestarem aqui as suas posições. Já divulgámos aqui manifestos do CDS (Titta Maurício), cartas de pessoas ligadas ao PS (Vitor Cabral, Luís Guerreiro), opiniões de leitores da CDU (bs), abundante material fotográfico de um simpatizante bloquista (estou certo ou não, caro amigo brocas ?), por isso não exercemos qualquer tipo de censura.
Aliás, se aqui no blog foi feito o apelo directo ao voto na CDU nas eleições de 20 de Fevereiro, qual é a lógica de nos acusarem de estarmos ao serviço do PS e só contra o PC ?
Para quando teremos direito à opinião de quem nos parece muito feliz com o poder instalado da CMM, de quem parece bem posicionado nas estruturas locais do PCP/CDU, de quem nos acha injustos para com a gestão autárquica moiteira mas, no fundo, no fundo, desaparece sempre que lhe dão a hipótese de manifestar a sua clarividência ?
É verdade que nós opinamos sobre tudo e sobre nada, que escrevemos mais do que deveríamos e criticamos mais do que o conveniente.
Mas, concedam-nos ao menos isso, abrimos um espaço de discussão que antes não existia em Alhos Vedros e damos a palavra a todos.
Se nos criticam por sermos críticos, então ensinem-nos como se faz, como se diz, como se escreve.
Esclareçam-nos como foi, como é e como será.
De caminho – e para não perderem a embalagem –
expliquem-nos porque ao fim de 31 anos de democracia e 29 de poder autárquico democraticamente eleito, o concelho da Moita (e neste contexto a freguesia de Alhos Vedros só ganhará ao vale da Amoreira) é o mais pobre de uma zona já de si bastante deprimida – a Península de Setúbal ?
Sabemos que alguém será necessariamente o último de uma lista, ou ocupar o fundo de uma escala de indicadores de riqueza e que alguém tem de fechar a porta, mas porquê nós ? Sempre nós ?
É uma dúvida semelhante à que se coloca sobre Portugal no contexto europeu.
Porque temos de ser nós a apanhar continuamente com a “fava” ?
O que explica o insucesso ?
É só azar ?
Má vontade dos astros ?

Não nos venham com histórias de piscinas e de requalificações de meio tostão que deviam estar feitas há mais que tempo se tivesse existido cuidado em preservar antes de se estragar.
O que queremos é saber porque o marasmo se instalou e não desanda, por mais rotundas que façam para deslocar o pessoal das Fontes da Prata para a Moita ?
Expliquem-nos caros “meta-críticos” esclarecidos e informados, porque é que nós fazemos a lista dos objectivos de uma responsável autárquica para o seu mandato e de sete só foi concretizado um, mas mesmo assim se calhar a pessoa até é promovida ?
Expliquem-nos porque é que um vereador só diz coisas sem nexo, prometendo mundos e fundos de investimentos, criticando a inacção do Poder Central em diversas áreas, mas obra sua não se lhe conhece nada de nada ?
Explique-nos porque o novo presidente da Câmara - não-eleito para esse cargo, numa sucessão com algo por explicar - parece apenas interessado em aliciar o lobby taurino para evitar maior erosão de votos ?
Apresentem-nos ideias claras, projectos exequíveis e calendarizações que não obedeçam às conveniências eleitorais.
Isso já nos chegava.


Nota final: Caros aparelhistas locais, não façam como as testemunhas de Jeová que me tentam converter, sabendo menos dos textos sagrados do que eu. Eu li o Manifesto do Partido Comunista aos 12 anos porque uma professora da Secundária da Moita me obrigou a isso em 77/78 e os Textos Escolhidos do Marx (edições Avante) antes dos 15 para poder debater com o meu pai. Por isso, não venham com tretas coladas com cuspo para arranjar um emprego na CMM.

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