«O fundamentalismo é muitas vezes apresentado como um fenómeno anti-moderno, como uma irrupção de forças tradicionais ou tradicionalistas reprimidas, por assim dizer, pelos regimes modernos e pelo programa cultural da modernidade.
De facto, existem nos diferentes movimentos fundamentalistas componentes tradicionalistas baseadas em anteriores tradições e experiências históricas pré-modernas. Afigura-se-nos, porém, que o fundamentalismo, com a sua vincada ideologia "tradicionalista" antimoderna, é basicamente um fenómeno muito moderno - embora com fortes raízes históricas nas civilizações religiosas.
(...) Para além destes aspectos, sem dúvida importantes, da relação dos movimentos fundamentalistas com a modernidade, está o facto de estes movimentos se caracterizarem por uma construção política e ideológica altamente elaborada que faz parte integrante da agenda política modrna - ainda que as suas orientações e símbolos básicos sejam antimodernos.»
Shmuel Eisenstadt, Fundamentalismo e Modernidade (Oeiras, Celta, 1997, p. 3)Deu-me para ir ler isto, após reler as caixas de comentários a propósito da eleição do novo Papa. Nem sei bem porquê...
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