Visão - Suplemento, Abril de 2004
O 25 de Abril de 1974 - A Memória (Parte V)
4ª fase – O 25 de Abril como História
Ainda não atingimos por completo o momento em que os actores desapareceram, deixando apenas os seus testemunhos que, já não sendo de viva voz, podem ser “pilhados” da forma mais conveniente possível e se tornam passíveis das mais variadas apropriações e simplificações. É o caso verificado, por exemplo, com o 5 de Outubro e o 28 de Maio, reduzidos no discurso comum actual, a acontecimentos de uma lógica, clareza, simplicidade e linearidade que nunca tiveram. Mas, por outro lado, também ainda não conseguimos chegar ao momento em que o 25 de Abril é meramente campo de estudo e não de disputa; em que o predomínio seja apenas da investigação e não da legitimação do passado. Em que a Memória possa ser calmamente recuperada e não reconstruída. Infelizmente, e pelo estado que leva a investigação histórica nesta área, controlada por pequenas cliques dependentes de favores do Estado (leia-se “subsídios”) ou do voluntarismo de algumas figuras tutelares, repetindo-se nas fórmulas e sem uma verdadeira coragem para analisar objectiva e não parcialmente acontecimentos e figuras sem receio das conclusões, ficamos condenados a mostrar aos jovens uma versão impressionista e jornalística do 25 de Abril, dependente dos humores passageiros dos senhores do momento.
António da Costa, Abril de 2005
Ainda não atingimos por completo o momento em que os actores desapareceram, deixando apenas os seus testemunhos que, já não sendo de viva voz, podem ser “pilhados” da forma mais conveniente possível e se tornam passíveis das mais variadas apropriações e simplificações. É o caso verificado, por exemplo, com o 5 de Outubro e o 28 de Maio, reduzidos no discurso comum actual, a acontecimentos de uma lógica, clareza, simplicidade e linearidade que nunca tiveram. Mas, por outro lado, também ainda não conseguimos chegar ao momento em que o 25 de Abril é meramente campo de estudo e não de disputa; em que o predomínio seja apenas da investigação e não da legitimação do passado. Em que a Memória possa ser calmamente recuperada e não reconstruída. Infelizmente, e pelo estado que leva a investigação histórica nesta área, controlada por pequenas cliques dependentes de favores do Estado (leia-se “subsídios”) ou do voluntarismo de algumas figuras tutelares, repetindo-se nas fórmulas e sem uma verdadeira coragem para analisar objectiva e não parcialmente acontecimentos e figuras sem receio das conclusões, ficamos condenados a mostrar aos jovens uma versão impressionista e jornalística do 25 de Abril, dependente dos humores passageiros dos senhores do momento.
António da Costa, Abril de 2005
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