sexta-feira, maio 13, 2005
Financiamentos
Qando se fala de financiamentos dos partidos políticos, por muito boas intenções que se tenham, ficam sempre de fora algumas questões aparentemente paralelas mas que na prática são muito importantes.
Uma delas é a forma como certos grupos conseguem financiamento para projectos de imprensa/comunicação social com objectivos claros de combate político.
O exemplo clássico - mas muitos outros houve antes, só que mais efémeros - foi o do Independente, criado para combater, pelo lado direito, o cavaquismo, levando mesmo à tomada do CDS pelo PP.
Aliás, neste particular, os irmãos Portas parecem ter certa facilidade em arranjar dinheiro para este tipo de "aventuras".
Após romper com o PC, também Miguel Portas se virou para a imprensa como forma de ganhar espaço de manobra para a sua estratégia política. Já aqui evocámos a reencarnação da Vida Mundial em 1998. Regredimos mais um pouco e chegamos agora à revista/jornal Já, cujo nº 0 saiu em Março de 1996 e foi um dos primeiros passos para a visibilização de uma parte do que viria a ser o Bloco de Esquerda.
A coisa teve poucas dezenas de números, pois os custos de produção deviam ser puxadotes. Este nº 0 só tinha 24 páginas, mas a partir do nº 1 eram 64 páginas, muitas delas a cores.
Como as vendas dificilmente cobrem as despesas, são necessários investidores e receitas de publicidade. E a publicidade que se cativa diz muito sobre os apoios da publicação ou, no mínimo, as expectativas quanto ao seu potencial público.
Ora é aqui, na publicidade, que se acham alguns aspectos curiosos do Já.
Nas 64 páginas do nº 1, encontramos um total de c. 18 páginas de publicidade, em que as maiores parcelas se ficariam a dever ao grupo PT, então na posse do Estado, com 3 páginas, à Telecel (2 pp.), à Fundação das Descobertas (outra vez o Estado), instituições bancárias como o BNU e o Montepio (olha o Estado), os CTT (já adivinharam... ?), o Instituto Camões e o ICEP ( já...?), a seguradora Mundial-Confiança, para além de marcas de automóveis como a VW e a Renault e uma ou outra editora com direcções de esquerda (Campo das Letras e D. Quixote).
Ou seja, a maior parte das receitas publicitárias da Já provinha do Estado, então dominado por um guterrismo fresquinho que andava ás turras com a herança cavaquista da qual o maior emblema era a Expo-98.
Somem lá agora 2+2...
Já está ?
Exactamente !
Os primeiros tempos da Já foram em grande parte ocupados em "bater" na Expo e em Cardoso e Cunha (mas este merecia-as... e como...), graças a documentação interna que os seus jornalistas terão conseguido após aturadas investigações.
Tudo é lindo quando bate certo.
Mas isto sou eu que tenho a mania das conspirações, assim como Mel Gibson naquele filme com a Julia Roberts. Vai-se a ver e isto são apenas delírios...
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