A reunião anual do pessoal do meu curso, apesar da quantidade de convivas andar ultimamente muito minguada, é sempre uma oportunidade ímpar para perceber como a geração que nasceu até meados dos anos 60 e apanhou o 25 de Abril com uma dezena ou dúzia de anos (malta que agora anda pelos 40-45 anos) em vez de geração rasca foi uma geração sempre à rasca.
Não tivemos idade para ser anti-fascistas, não tivemos idade para ser verdadeiros revolucionários, levámos com a crise da primeira metade dos anos 80 num período crucial da vida, quando se decidia o nosso destino (académico, profissional, familiar) e, pouco depois, já não eramos suficientemente jovens para apanhar a onda dos rascas propriamente ditos que gostavam de pintar e mostrar os respectivos rabos para as nascentes televisões privadas, como estratégia de luta contra o Cavaco da segunda maioria e condição de pré-adesão ao PSR.
Por isso, somos tendencialmente descrentes.
Entre os presentes havia os descrentes crónicos (este que s'assina), os descrentes iberistas, que acham que isto só vai lá aderindo a Espanha, os descrentes resignados, que acham que não há forma de dar a volta ao sistema em que vivemos e que o melhor é sobreviver no que ele nos reserva e os descrentes desiludidos, que o são porque deixaram de acreditar no que até há mais ou menos tempo acreditaram com muita força.
Realmente, faltou-nos o elemento optimista que é trazido por um colega nosso, muito bem colocado numa autarquia da Margem Norte, sobrevivente a todas as intempéries, cavalgando sempre todas as ondas e ficando sempre por cima por mais voltas que a Situação dê, não se lhe aplicando nunca aquela do à rasca.
Na ausência do A., realmente, ficaram apenas as diversas facções críticas que, com maior ou menos sucesso profissional e/ou pessoal, com maior ou menor grau de realização dos seus objectivos de vida, entraram na segunda metade da vida com um cepticismo a toda a prova, infelizmente de experiência feito.
AV1
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