sexta-feira, junho 03, 2005

No Confessionário com...

Já vos falei das minhas aventuras recentes com os barbeiros ?
Não ?
Interessam-vos ?
Também não ?
Não faz mal que eu conto na mesma.
Qualquer tipo sabe que o barbeiro está para um homem quase como um(a) ginecologista para as mulheres. Sei que a imagem não é das melhores, mas foi o que me ocorreu para explicar que é um ambiente a que nos habituamos, onde nos mexem onde normalmente só deixamos mexer pessoas de quem gostamos e que não é fácil mudar.
Como alhosvedrense típico, o meu percurso barbeirístico também foi típico.
Nos anos 60, pela mão do meu pai, lá comecei a ir ao Estreia levar a tigelada da ordem, apesar dos protestos da minha mãe, tendo-me transferido nos anos 70, por indicação de um primo mais velho, para o Setúbal, onde me mantive um regular até meados dos anos 80, com uma ou outra infidelidade ocasional.
Qualquer um de nós, nos quarentas ou mesmo trintas tardios, que tenha conhecido o Setúbal sabe ao que íamos. No meu caso, em especial nos late-seventies, foi a época dourada do look revolucionário-taurino, com aquelas patilhas até quase ao queixo e o cabelo apenas 1,5 cm mais curto do que quando lá tinha entrado.
Em meados de 80, com a transferência de parte do meu tempo para Lisboa, fui variando de barbeiro, sem nunca poisar em nenhum. Tipo vida amorosa dos vintes.
Com a estabilização dos trintas e em parte por solidariedade leonina, passei a frequentar desde meados dos anos 90 o barbeiro Jorge do Barreiro, junto ao Tribunal velho e frente ao Parque, que, para quem o conheça, forma com o seu filho uma das duplas sportinguistas mais características da Margem Sul, a que se juntam as centenas de galhardetes clubísticos espalhados pelas paredes (se é que é assim que se chamam aqueles triângulos com os emblemas dos clubes e uma fitinha para pendurar).
Só que no último par de anos, o tempo por vezes escasseia para lá ir, porque nem sempre me dá jeito passar por lá.
Foi então, que passei a ir às meninas.
Por “meninas” entendam-se - é claro, o que é que estavam a pensar ? - cabeleireiras unisexo de Centros Comerciais e não só, onde também nós podemos cortar o cabelo, mesmo se com algum inicial incómodo e natural hesitação.
Até agora tive um par de experiências semi-traumatizantes: a primeira, com uma senhora simpaticíssima que, perante a minha abundância capilar no pescoço (sim, tenho linhagem directa dos grandes símios...), me me fez a proposta de uma depilação daquela área a que eu, armado em modernaço, acedi.
Grave erro.
Resumo breve da experiência: DOR, MUITA DOR.
Não repeti e, meus amigos, não tentem. Nem vou elaborar mais sobre a coisa.
A última experiência, mais recente, foi menos traumática mas de certa forma igualmente delirante, só que agora pelo fundo musical.
Na meia hora da função passaram, a partir de k7 escolhida para o efeito (não foi uma sequência radiofónica ocasional), entre outra maravilhas da pop-music, Peter Cetera em dueto com não-sei-quem, Roberta Flack (Killing me softly, uma das 10 músicas que mais detesto), Gladys Knight (Licence to Kill) e uma versão do Blue Moon por uma voz masculina que não consegui identificar (também passou o Drive dos Cars, mas isso ainda se aguenta).
Sublinho que as músicas da Roberta Flack e da Gladys Knight foram trauteadas perto dos meus ouvidos pela senhora em causa, o que facilitou o seu trabalho, porque fiquei com os cabelos em pé.
E assim foi.
Pois.
Acho que vou desistir de ir às meninas.
O preço não foi mau, mas podem-se apanhar coisinhas más.

AV1

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