Satisfaz-me bastante que as críticas ao AVP por parte de um grupo pequeno de comentadores se circunscrevam à forma e nunca ao conteúdo do que se escreve relativamente ao comportamento dos responsáveis políticos locais.
Vejamos: critica-se o "desrespeito" formal das críticas, a não submissão às formas de pedidos de esclarecimento regulamentares, a publicitação de materiais antes do que é conveniente, a eventual origem dos materiais e características das fontes, mas nunca a veracidade dos materiais ou a justeza das observações.
Isso satisfaz-me tanto mais quanto as críticas formais - enroladas em ameaças veladas - não têm fundamento e nem sequer valeria a pena evocar o caso que foi a tribunal do blog Do Portugal Profundo, absolvido de todas as acusações, sendo que os materiais que ele mostrou eram de gravidade bem maior.
Mas mesmo assim, gosto sempre de esclarecer os "ingénuos" do seguinte:
a) Os materiais aqui divulgados foram sempre legítimos e a sua veracidade confirmada de maneira simples e que qualquer pessoa com formação superior científica mínima conhecerá. Daí nunca ter aparecido nenhum "falso". Aliás, se peco por algo é por ter materiais de veracidade confirmada, mas que não exponho por serem de interesse relativo e interferirem com a privacidade individual dos visados. Por exemplo, acho irrelevante divulgar quem recebe o quê de avenças e alcavalas. Cada um trabalha o que pode e ganha o que pode. Servem-me apenas para perceber quem faz isto ou aquilo porquê, ou berra com mais ou menos força, mas mais nada. Isto ao contrário, dos críticos que embirram com o que fazemos, mas fazem pior com base no boato maledicente. Mas adiante, que a coerência por cá não chegou a todos.
b) As fontes são confidenciais, múltiplas e umas posso conhecê-las e outras não. Mas como se verifica sempre a veracidade dos materiais, há relações de confiança que se estabelecem. Pelo contrário, certos "acusadores" ao tentarem circunscrever os "suspeitos" apenas a nove vereadores (e implicitamente a quatro deles), esquecem-se que todos estes materiais passam por muitas outras mãos e todas elas de forma normal. Os documentos não se escrevem sozinhos, não se verificam a si mesmos, nem se fotocopiam sozinhos; para além disso, quem os recebe pode precisar de ajuda de outrém para os "descascar", em especial quando se agenda muito material sensível para um horário curto, com Barcelona-Benfica à porta, mesmo a pedir assinatura de cruz. Portanto, nem que seja a nível teórico, as hipóteses de origem dos materiais são largamente superiores ao que certos comentadores insinuam. Mas como a estratégia não é apurar a verdade, mas insinuar algo, tudo vale. Acresce ainda, e para acabar esta parte, que quando se trata de protocolos assinados e lavrados e etc e tal, eles são perfeitamente públicos e estão disponíveis não só na CMM, mas na própria Conservatória.
c) É prática comum em muitas autarquias que matérias como as abordadas em algumas das propostas levadas 4ª feira à vereação e aprovadas com o peso único da maioria, sejam previamente dadas ao conhecimento e discussão pública. Não vale a pena exemplificar, porque todos sabem isso. Mesmo perto de nós, há câmaras com a mesma cor política que fazem isso; no Barreiro, há assuntos que são discutidos previamente antes da ida á sessão, em Palmela, há reuniões preparatórias descentralizadas sobre o Orçamento, em Lisboa o vereador comunista Ruben de Carvalho é dos mais firmes defensores da transparência dos processos decisórios na CML. Por cá nada disso é prática e tem-se um medo terrível do conhecimento prévio das coisas antes de aprovadas. Já o aparecerem artigos de opinião, em timing apurado a preparar o caminho para o que já está decidido é muito menos correcto no plano da honestidade e lisura política para com os eleitores.
Atendendo a tudo isto, e apesar de repetir que até gosto que as críticas se dirijam erradamente à forma, e nunca ao conteúdo essencial, gostaria que quem defende com unhas e dentes a opacidade da governança, desse indicações, ou o fizesse como tem feito com todo o direito a usar nicks como eu, para que se rebatessem argumentos ou se explicassem as situações, mesmo se isso vai contra velhos hábitos ortodoxos instalados.
E que não repetissem técnicas de intimidação sobre o AVP (já tivemos direito a mais algumas off the record, como de costume, a juntar às mais veladas on the record) ou de insinuação sobre terceiros.
Se a vossa paranóia é sobre as fontes e se acham que quem "solta" os documentos está obrigado a algum tipo de sigilo profissional - o que duvido - eu pelo menos não tentaria usar a táctica dos "suspeitos do costume".
Ou melhor, continuem, porque enquanto assim continuarem...
É o meu chamado "conselho de amigo".
AV1
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