quinta-feira, abril 13, 2006

O valor da palavra e da honra...

... já não é o que era.
E isso eu sei de há muito, de ver o que se passa em nosso redor a todos os níveis.
Só que quando a coisa acontece com quem se tem por gente séria, continua sempre a estranhar-se.
Explico-me:
Quando apresentou o seu projecto de venda de boa parte do património imóvel do Sporting para poder sanar as contas e manter uma equipa de futebol competitiva, sem ser necessário vender as jovens jóias da Coroa, saídas da Academia, Filipe Soares Franco anunciou que, caso não obtivesse a aprovação necessário de 2/3 dos votos se demitiria e não se candidataria nas eleições subsequentes.
O que se passou entretanto ?
A tal maioria falhou por um triz e FSF demitiu-se, mantendo a sua palavra, repetindo que não seria candidato à presidência do SCP.
Tudo certo até então.
Marcaram-se eleições e alinharam-se candidatos.
Confrontaram-se ideias e projectos, mas tudo a medo, aparentemente devido a falta de informação (não é só por cá!).
Insinuou-se que era necessário recuperar o presidente (não-eleito) que se tinha ido, crismou-se o homem como "salvador" e inventou-se uma "vaga de fundo" de "notáveis" em número apropriadamente redondo.
E o homem, lá pelas Angolas, continuou a dizer que não, embora só se...
É sempre aqui que as coisas retorcem o rabiosque.

A palavra de uma pessoa, quando se lhe acrescenta voluntariamente que é "de honra", é algo que deve ser usado com parcimónia e respeito.
Não se dá a palavra de honra por questões menores, mas só por convicções profundas.
E, por isso mesmo, não se volta atrás com ela em virtude de "vagas de fundo" mais ou menos encenadas.
Confesso que não sou sócio do Sporting, mas mero adepto.
Confesso que não tenho opinião sobre a questão imobiliária em debate, embora ache que por muitos prédios que vendam, nunca será possível manter nenhum jogador no plantel se o Manchester, o Real de Madrid, o Barcelona, o Milão, a Juventus, o Bayern, o Chelsea ou o Arsenal o quiserem, pois para o manter criar-se-ia um desiquilíbrio insuportável nos vencimentos relativos no plantel.
Confesso que não sei se Filipe Soares Franco é a melhor pessoa para o lugar, até dando de barato que tanha maior facilidade de negociar com a banca do que o meu preferido Dias Ferreira.
O que sei é que ele deu a sua palavra de honra e voltou atrás, sem que a situação se me pareça assim tão grave quanto isso.
E, a partir desse momento, perdeu muito do valor que lhe reconhecia, mesmo depois de andar a receber o Pintinho da Costa com salamaleques.
Porque quando damos a nossa palavra, damo-la.
E se lhe faltamos por regra e sem boa razão, nunca mais recuperamos a nossa credibilidade.

AV1

1 comentário:

Zelupi disse...

Eu ao contrário do AV1 sou sócio, e já tinha previsto isto há algum tempo...
Quando o vi fazer tal tipo de declaração lembrei-me logo do Luis Filipe Viera que dizia que se demitia se com os Kits de novo sócio o Benfica não conseguisse 300.000 sócios.
Hoje em dia a palavra não vale nada!
Com que cara é que qualquer um deles pode dizer que é um homem de palavra?
A partir daqui quem acredita no que eles dizem?
Eu não!