... até que eu comprei a revista porque traz a Teri Hatcher (uma das moçoilas para as minhas idades com melhor aspecto e aparentemente sem ter ido à faca) na capa e a Natalie Portman lá mais para dentro, afora umas páginas de publicidade com mais uma meia dúzia de rutilantes estrelas em fotos soberbas (a Uma Thurman para a TagHeur, a Halle Berry para a Versace, a Nicole Kidman para a Chanel, entre outras), mas a principal razão não é essa.
A verdade é que a Vanity Fair faz parte, juntamente com a Atlantic, a Mother Jones e a Harper's, daquele lote de revistas que para mim são, de muito longe, as de melhor conteúdo em qualquer latitude ou longitude. Pena os preços a que chegam, quando chegam (a Mother Jones é praticamente invisível e a Atlantic vai pelo mesmo caminho há cerca de um ano, sendo que os conteúdos na net deixaram de estar completamente livres como estavam antes).
Neste número de Abril da VF além do óbvio, tem extraordinários artigos sobre o caso de Abramoff, o lobbyist que despoletou um dos maiores escândalos de sempre em torno da corrupção de congressistas e senadores americanos, com depoimentos do próprio (p. 196), sobre as mentiras de George W. Bush e suas consequências sobre a comunicação social e as fugas de informação que deram origem ao chamado "Plamegate" que está a "apanhar" colaboradores cada vez mais próximos de Bush Jr e agora até já o vai chamuscando como mentor das fugas de (p. 204, o caso da revelação da identidade como agente da CIA da mulher do embaixador americano Joseph Wilson que desmentiu a teoria da compra de urânio à Nigéria por Saddam) e ainda sobre a esquecida guerra em decurso no Afeganistão (p. 218, e que este fim de semana está ao rubro, sem ninguém parecer dar por isso) uma mais mundana mas deliciosa matéria sobre a estadia em Santa Mónica em meados dos anos 70 do crítico literário inglês Kenneth Tynan ou uma longa análise da carreira de Steve Jobs, mais conhecido agora como o homem do iPod.
Para quem quiser chamar fútil a esta revista, primeiro leia um dos seus números normais - já não falo nas edições especiais temáticas - e depois diga qualquer coisa.
Só é pena que 4,5 dólares se transformem por artes mágicas em mais de 7 ou 8 euros por estas bandas.
Mateus Letrinha Fina (crítico literário e de imprensa do AVP)
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