quinta-feira, abril 06, 2006

A época do caracol (da mine e do tramoço)

Ao contrário do meu camarada co-editor, eu estou mais calmo e cordato e até me lembrei hoje dos bons velhos tempos em que dias como o de hoje eram óptimos para ir apanhar caracóis - embora ainda seja um tudo nada cedo - pois não seria necessário ir logo pelas 7 da matina, antes do Sol aquecer e eles meterem os corninhos para dentro e irem à sua vida.
Dia de chuva como hoje era óptimo para fazer farta colheita de caracolada num dos meus spots favoritos nos inícios dos anos 70, a época de maior entusiasmo caracoleiro da minha parte.
Havia a hipótese de ir para a zona ribeirinha em direcção aos cais novo que ainda estava para ser a presente lástima (ainda sem canzarrada e gente mal encarada) ou à praia da Gorda e escolher ser preguiçoso e ir apanhá-los debaixo dos chorões ou então arriscar um pouco mais de trabalho e de saúde dos dedos (caso me tivesse esquecido de levar uma colher) e ir catá-los nos cardos em volta dos atalhos ou, melhor ainda, nas salgadeiras que tinham fama de lhes dar um gostinho especial e deixá-los mais secos.
Se estava com paciência para outra caminhada, uma outra boa possibilidade era ir para as canas da Vala Real (que a semana passada levaram um desbaste dos grandes, mesmo fora da época certa e tudo) e seguir para norte em direcção às zonas alagadiças e charcos onde agora fica a escola José Afonso.
Aqui a caracolada, em virtude da humidade da zona e da própria vegetação, era mais dada a uma ranhoca mais líquida e um tipo ficava um bocado emporcalhado de se enfiar no meio do canavial e da terra enlameada.
Mas tudo compensava a sacada de caracóis que se levava para casa, para ficarem um par de dias a repousar, agora diria que para libertar as toxinas ou dioxinas mas antigamente apenas para largarem o ranho acumulado, antes da panelada do fim de semana, feita com os sacramentais oregãos que ainda se conseguiam achar pelos campos a olho nu.
Agora já toda a gente, ou quase, tem vergonha de ir aos caracóis e chega-se-lhes pagar o belo do pires no café quase ao preço do peixe fresco, acabadinho de pescar.
Sei que sou um saudosista, um nostálgico, mas aquelas animadas caçadas ao caracol faziam bem (os sacaninhas não eram rápidos mas eram escorregadios), punham-nos em contacto com a Natureza e, nos primeiros tempos em que algum adulto ia connosco, servia para aprendermos o nome de muitas plantas que já esqueci ou quase deixei de ver por aí, assim como da passarada que nunca consegui fixar, pois ainda hoje tenho dificuldade em reconhecer uma abetarda.
Assim como ainda se encontravam uns belos lagartos (legítimos, não os meus confrades do SCP) e umas cobras meio minorcas, que ainda chegavam para o belo do susto, mesmo se não faziam mal a um enxame de moscas.
Como se vê isto hoje está muito pacífico e bucólico para os meus lados.
É para (des)compensar o AV2, que anda mais chateado com outro tipo de invertebrados ranhosos.

AV1

6 comentários:

nunocavaco disse...

Aviso de amigo. Caso o Av1 não saiba publicou documentos não públicos da Câmara Municipal da Moita. O estranho é que poucas pessoas tiveram acesso à documentação (veradores). Isto não é muito correcto e não me quero alargar, mas tem cabimento juridico. Tenha cuidado, você e quem lhos deu, seja lá quem for. Isto não é uma ameaça, até porque não sei se a Câmara esta a pensar agir ou não, é só um aviso de amigo.

AV disse...

Isto não é uma ameaça.
Isto é um aviso.

Olhe, então explique ao seu amigo JFigueiredo que disse que era tudo público.

Se a CMM intentar qualquer tipo de acção a "esse respeito", tudo bem, encontramo-nos no Tribunal.
Com sorte cruzamo-nos com a Margarida Rebelo Pinto que também tem esse tipo de tendências censórias.

AV1

nunocavaco disse...

Gostava de ver publicado o seu extrato bancário? Gostava de ver publicado toda a sua rotina diária? Não sabe que existem regulamentos e regimentos que regulamentam quanto um documento pode ser tornado público? Av1 demagogia não, comigo não pega.

AV disse...

Mais demagogia que a vossa é impossível !
Quer comparar o funcionamento de um organismo público de poder político, obrigado a deveres de prestação de contas aos eleitores com uma pessoa privada ?

Mas a minha declaração de IRS é pública e o meu extracto bancário é consultável por qualquer funcionário de um banco, quando eu lá chego para fazer qualquer operação.

Quanto às rotinas diárias, isso eu sei que vocês gostavam de as saber.

Não sente vergonha por dar a cara a este tipo de intimidações do tempo do arco da vellha.
Sinceramente, se é asim que se sobe no poder local e nos aparelhos partidários, ainda bem que nunca tive cartão de militante, nem do Sporting.

Já agora, que tal usarmos todos burka e selarmos a boca ?

AV1

nunocavaco disse...

Pronto já percebi, você não percebe nada de administração pública. As prestações de contas devem ser feitas em alturas próprias e não com a publicação por terceiros de informações confidenciais à entidade.

Um abraço e sempre que precisar este autarca eleito ajuda-o a perceber as regras da democracia.

P.S.- o seu extrato bancário não é consultado por mim, pode ser por si e pelo funcionário do banco (percebeu a diferença).

AV disse...

Faça-se de desentendido como quiser.
Um órgão de soberania, não é uma pessoa particular.
Quer que lhe leia alguma parte da Constituição que tanto ama ?

Quanto à sua autoridade em matéria de democracia, bastava responder aos paralelismos de situações que lhe apontei.
Como não responde é porque não tem argumentos para isso.

E para accabar com uma provocação, se tivessemos de esperar pelo Banheirense para discutir fosse o que fosse a sério sobre o concelho est´vamos limitados a tiradas anti-Portas, apelos ao download ilegal de música, cópias de posts do AVP e umas fotos com que o JF tenta manter a coisa acima do chinelo.

É que quando havia anónimos a lançar ofensas pessoais no Alhosvedrense sobre gente da Oposição, havia quem "compreendesse" isso.

AV1