domingo, abril 03, 2005
Do Subdesenvolvimento como Estratégia I
Na Visão da passada quinta-feira vem um longo dossier sobre o preço da habitação em Portugal, com tabelas de preços mínimos e médios do metro quadrado em várias regiões.
No quadro na Grande Lisboa, constatamos que o conjunto Moita/Barreiro/Montijo é aquele que atinge preços médios mais baixos (valor entre os que são apontados como mínimo e máximo).
Penso que, se segmentássemos esta subregião, a Moita estaria com os valores mais baixos de todos.
Para alguém mais distraído, isto poderiam ser boas notícias, porque quereria dizer que podemos arranjar casa por menos dinheiro.
No entanto, não é só isso que tais valores significam.
Significam, antes de mais, a baixa qualidade da construção.
Significam, em seguida, uma capacidade de atracção de novos habitantes que não é a melhor.
Significam, por fim, uma das consequências de um longo ciclo de "depressão" desta zona, em que o desenvolvimento socio-económico se revelou sempre precário e a manteve no patamar inferior de uma região já de si deprimida.
Mas, é minha convicção, esse desenvolvimento precário, ou subdesenvolvimento, poderá ter sido, se não conscientemente mantido, pelo menos tacitamente tolerado, por parte dos que terão considerado que a proletarização poderia ser uma estratégia para a manutenção do Poder.
Por agora, ficamos por aqui, mas este é um assunto que desenvolveremos proximamente, cruzando estes dados com outros que já usámos em momentos anteriores, sobre os níveis de recolha de impostos nos concelhos da margem sul, os fundos autárquicos e os níveis de desenvolvimento alcançados.
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