terça-feira, abril 05, 2005

Razões para mudar: as boas e as más

A propósito do nosso post sobre o currículo da candidata do PS à CMM, que agora é técnica da CM Barreiro e já ocupou cargos de assessoria na CM Setúbal quando era seu Presidente o socialista Mata Cáceres, o Alhosvedrense deixou-nos um comentário oportuno sobre a (não) melhoria do Barreiro neste mandato socialista.
Pensamos que, de forma indirecta, este será um reparo sobre o erro que será mudar da CDU para o PS, aplicando o exemplo do Barreiro à Moita.
Estamos de acordo nuns pontos e em desacordo em outros, pelo que desenvolvemos aqui a resposta que demos na caixa de comentários:

a) Antes de mais, podemos começar por aquilo em que concordamos. Mudar por mudar, não adianta nada se não tivermos confiança no projecto que nos é apresentado. Podemos apenas estar a mudar para pior, com a esperança do contrário. Ou apenas a mudar de clientelas, mantendo-se a incompetência, a falta de visão, o acomodamento à posse do podr. Essa foi a razão porque nos abstivemos sempre nas eleições autárquica para a CMM. Não concordávamos com o que estava, mas sempre duvidámos do que queria estar.

b) Agora vamos ao que discordamos ou, talvez, a uma outra forma de ver a coisa, com base no exemplo concreto do Barreiro. Ora bem, no caso da CMB, não foi tanto o PS que ganhou as eleições, foi mais a CDU que as perdeu.
E perdeu-as porquê ?
Porque as pessoas estavam cansadas, desanimadas e desmotivadas em continuar a dar confiança a uma gestão autárquica que se tinha marcado por uma razoável ineficácia em várias áreas da vida municipal, deixando o Barreiro ir definhando cada vez mais.
Quanto ao PS, ganhou as eleições de 2001, beneficiando da erosão da CDU e de uma coligação de interesses heterogénea de todos os que se queriam chegar ao Poder, mesmo que isso fosse sem um projecto coerente, bem planeado ou meramente exequível. Conheço muita gente no Barreiro, parte da minha família trabalhou lá, outros ainda lá vivem, e a sensação de cansaço e desmobilização empurrou uma fatia do eleitorado para as mãos do PS, sem que este o merecesse. A vitória do PS foi baseada numa coligação negativa de todos os que estavam contra a CDU e não na união em torno de uma ideia alternativa para o desenvolvimento do concelho. A nova gestão autárquica abrigou todos os que até então se sentiam desamparados e ansiosos de uma parcela do poder, desde a extrema esquerda que planou até ao PS até aos que alaranjam e rosam conforme os ventos. O resultado, até ao momento, não foi grande coisa, porque a sua matriz genética o não permite.
Quais as vantagens da mudança ? Poucas, concordo, tirando o facto de a CDU poder vir a reconquistar a CMB no final deste ano com uma nova atitude, menos displiscente, menos autodesculpabilizadora e mais atenta aos lamentos dos munícipes.

Lições de tudo isto para o concelho da Moita:
Antes de mais, que, apesar do diferencial eleitoral autárquico entre CDU e PS ser ainda elevado, a mudança pode acontecer, mesmo que pouco esperada.
Em segundo lugar, que essa mudança pode ser pela negativa e não assentar num projecto alternativo credível. No fundo, a política do PS local de aparecer, ouvir e nada dizer de concreto, assenta nessa esperança.
Em terceiro, que se a CDU continuar a insistir na arrogância autista a todas as críticas, pode sofrer um dissabor amargo.

E, para finalizar, uma profecia:
É bem possível que as eleições de final deste ano levem, se não a um empate técnico, pelo menos a um impasse cuja resolução poderá depender dos humores locais de um Bloco de Esquerda em crescendo. Vai ser interessante ver como as actuais estruturas locais da CDU (sempre desconfiadas do esquerdismo) e do PS (de tendência socrática “centrista”) vão lidar com essa eventualidade.

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