
Embora ainda guarde algumas memória directas dos míticos “sixties”, só posso começar a avaliar verdadeiramente o que se passou a partir dos anos 70, quando passei a ter a capacidade de me interrogar sobre o sentido que faziam determinadas bandas e toda a sua carreira. Por outro lado, uma lista só com cinco nomes, como tinha inicialmente previsto, revelou-se claramente insuficiente para arrumar toda a tralha que, só aà primeira lembrança, me surgiram a atormentar o espírito.
Por isso, aqui vai a minha proposta de dez mais desnecessárias carreira (ou partes de...) da história da música popular das últimas décadas do século XX. Excluem-se aquelas bandas ou intérpretes do momento, com uma ou duas músicas e um ou dois álbuns, reservando-se para a lista que teve carreira – muitas vezes aclamada . superior a meia dúzia de anos. A ordem ascendente dos lugares é apenas instrumental, porque quase todos estão no mesmo patamar de inutilidade.
Atenção, algumas considerações podem ferir algumas susceptibilidades.
Secção Rock dos Anos 70
10º lugar – Black Sabbath. Pois, pois... O Ozzy Osbourne pode ter a sua graça agora e tudo. Ou até na época a morder morcegos. Mas quanto à música estamos falados. Desculpem quarentões mais avançados, mas aquilo não prestava para nada. E gostava que me apontassem uma música deles que faça falta a quem quer que seja ouvir com uma regularidade – digamos assim – bianual.
9º lugar – Kiss. Tal como os anteriores, tiveram o seu apogeu, a sua legião de fãs e ainda consigo lembrar-me de uma música deles que não risco imediatamente como desnecessária ao mundo (o piroso I Was Made for Loving You) mas, com franqueza, aquilo era mais um número de circo do que outra coisa.
8º lugar – Nazareth. Campeões da desnecessidade, não consigo identificar qualquer música deles pelo nome, apenas me recordando do sofrimento que me infligiu ouvi-los – mesmo que ocasionalmente – na primeira metade dos anos 70. Afinal, meus amigos, o que é que era aquilo ? Para que servia ? de onde vinha ? Para onde ia ?
Secção Rock Sinfónico-Depressivo
7º lugar – Camel. Se queriam rock sinfónico, ou progressivo, ou lá que raio era, não chegavam os Pink Floyd, ou mesmo os Genesis com o Gabriel ? Era necessário ter estes sucedâneos de 50ª categoria, com aquelas faixas longuíssimas e chatérrimas ? Por estas e por outras é que sempre achei que fumar “erva” diminuia o discernimento.
6º Lugar –Yes. Idem, idem, aspas, aspas, mesmo se o Jon Anderson por vezes parecia querer deixar de me adormecer à força de tanta monotonia. Percebi que o Trevor Horn dos Buggles tinha uma falhas quando entrou para a versão nos 80 dos Yes. A favor apenas o facto das capas do LP’s terem um ambiente vagamente de cenário de ficção científica. O logo arredondado com o nome do grupo era um bocadinho bichóide, mas isto já é politicamente incorrecto.
Secção Xanax
5º lugar – Moody Blues. Ronco profundo. Sei que isto ainda é um bocados anos 60 mas,, sobreviveram até aos 80. Tinha um colega do 10º ano que gostava disto quando eu queria civilizá-lo com Talking Heads, XTC e afins. Achava que dava ambiente romântico e que era bom para levar as miúdas para a cama. Pois. Levá-las para a cama e dorrmiiirrrrrrr.
4º lugar – Mike Oldfield. Tudo sem excepção depois do Tubular Bells (1973, não foi ?), mais que não seja porque todos os álbuns foram iguais depois deste e houve mesmo alguns que foram o Tubular Bells II, III, XVII, XIC, etc, etc. Que desperdício de talento para música de elevador.
3º lugar – Jean Michel Jarre. Idem, idem, sem a parte do talento, mas apenas com a do tédio prolongado. Também tive vários colegas que idolatravam isto à entrada dos anos 80. Realmente, devia ter sido mais selectivo nas minhas amizades.
Secção O Artista é um Bom Artista mas...
2º lugar –Paul McCartney. Tudo a solo à excepção da canção com os sapos (We All Stand Together) e um ou outro desvio melhorzinho (aí uma música dos Wings e o Hope of Deliverance). Para um membro da dupla maravilhosa dos Beatles, têm sido 35 anos de indigência a metro.
1º lugar – Sting. Adorei os Police. Gostei muito dos dois primeiros álbuns a solo (The Dream of the Blue Turtles e Nothing Like de Sun) e do álbum duplo ao vivo (Bring on the Night). Desnecessito profundamente de tudo o resto. Como a sabedoria musical e o desejo de complicar podem estragar o talento musical. O grande mérito do Andy Summer e do Stewart Copeland foi terem conseguido que o Sting, depois de compor o Walking on the Moon, o Dont’ Stand So Close to Me, o Every Breath You Take ou mesmo o King of Pain, não tivesse estragado tudo com os arranjos complicadinhos com que nos tem brindado nos últimos 15 anos. Parece que é uma maravilha para uns colegas meus que estudam música, por causa dumas complicações que o homem gosta de fazer, mas a mim como ouvinte provoca-me um entorpecimento das meninges, que só é ultrapassado pela irritação de saber que ele já fez tantas coisas de que gostei.
António da Costa

Sem comentários:
Enviar um comentário