sábado, julho 29, 2006

A arma decisiva

Algo poderá estar a mudar no conflito entre os israelitas e o Hezbollah no sul do Líbano e não passa pelo terreno de luta e pela inesperada incapacidade do exército israelita avançar como se pensava ser possível, nem mesmo pelos meandros diplomáticos devido às tentativas de obter um cessar fogo pela ONU.
A mudança está no ar e, como passou a ser regra nos últimos anos, passa pela cobertura televisiva e, muito em especial, pela atitude da CNN.
Ora, ainda há menos de uma hora, os correpondentes no Líbano da CNN, em especial o que se encontra em Tiro, foram peremptórios na forma como desmentiram as declarações do Governo israelita sobre a existência de "corredores humanitários" no sul do Líbano.
Contra as conhecidas regras assumidas pela estação como padrão da sua atitude perante os conflitos, foi afirmado com toda a aclareza que os israelitas estão a alvejar transportes civis nas estradas de saída de Tiro e que não existem nenhumas vias para a chegada da ajuda humanitária.
Ora isto não é nada habitual e quando é colocado no ar para todo o mundo tem um efeito poderoso e difícil de combater por qualquer manobra de propaganda.
Lembremo-nos, por proximidade, do papel decisivo da cobertura dada pela CNN às questões timorenses que, de outro modo, teriam permanecido desconhecidas da generalidade do público mundial.
Por isso, mesmo para os fanáticos das conspirações mediáticas pró-israelitas, é agora complicado afirmar-se que a comunicação social internacional está a branquear o desrespeito israelita pelas populações civis e pelas regras de apoio humanitário em caso de conflito.
Quando os repórteres no terreno da CNN abandonam a sua política de neutralidade no relato dos acontecimentos, isso significa duas coisas: em primeiro lugar, que algo de muito grave os impele a tal e, em segundo, que essa atitude significa a breve prazo uma pressão adicional sobre aqueles que são desmentidos, mesmo que sejam os impenetráveis responsáveis militares israelitas.

AV1

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