A guerra volta a destruir o Líbano, duas décadas depois da última grande confrontação entre árabes e judeus naquela zona.
Na época a ocupação do sul do Líbano pelos israelitas levou ao que conhecemos, com os massacres nos campos de refugiados palestinianos à cabeça, graças às conivências entre as mílicias cristãs libanesas e as tropas israelitas.
O Líbano é daquelas nações que teve azar com a sua localização e a sua população é que sofre com isso, vítima dos fundamentalismos que a rodeiam.
É óbvio que a reacção israelita é brutal.
É óbvio que o Hezbollah está a fazer apenas o jogo iraniano, afastando a pressão diplomática da questão nuclear.
É óbvio que, dos dois lados, não há qualquer preocupação com os danos colaterais e, no fundo, o problema palestiniano é apenas instrumental.
Aquele conflito é diferente de muitos outros que conhecemos porque contém um fortíssimo choque religioso, ideológico e político, para não falar nos interesses económicos.
Entretanto, dizem os compêndios dos lugares-comuns do jornalismo, que o Líbano já foi a "Suíça do Médio Oriente".
Amin Malouff é um escritor com origem em família árabe, que cresceu no Líbano com uma educação cristã, tendo acabado por, em adulto, viver em França na sequência da sua diáspora familiar.
É, portanto, o retrato da tão apregoada multiculturalidade libanesa e representa a sua parte lúcida e não fundamentalista.
Este é o excelente livro (de que há já tradução portuguesa) em que ele explica como foram as suas origens e ajuda a percebermos a confusão libanesa, assim como um seu livro anterior - As Identidades Mortíferas - explicava como a cegueira identitária e purista, que tende a excluir a diferença, pode ser a origem da nossa destruição.
AV1
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