terça-feira, julho 25, 2006

Será preciso explicar?

Algumas almas encresparam-se com o facto de eu ter expressado a minha dúvida quanto à eficácia da acção das forças de segurança, apenas com base na proximidade das esquadras.
E é isso que eu penso.
Não quer dizer que ache que Alhos Vedros permaneça sem qualquer tipo de esquadra mais umas décadas. Não sou da geração que ver um GNR fazia logo ouriçar os pelos do toutiço como ao meu pai, um dos muitos que nunca sentiram a falta de polícia na nossa terra.
Mas acho que a existência de uma qualquer infraestrutura ou serviço só interessa se for para funcionar e para funcionar de forma pelo menos sofrível.
Se é para fazer número e funcionar como arma de combate político ou de "trunfo" não vale a pena.
Eu não tenho qualquer problema com a autoridade e até acho que ela funciona de menos no nosso país.
Porquê?
Porque uns têm traumas herdados de outros tempos e não conseguem perceber que já estamos em outros tempos.
E porque outros se habituaram a vícios ancestrais de comodismo e não cumprimento dos seus deveres.
Devemos ser sinceros: muitos de nós já comentaram quantas vezes que "fulano de tal" foi para "a guarda" ou "a polícia" porque não tinha jeito para mais nada.
Aliás, muitas vezes iam assegurar a ordem pública muitos daqueles que ninguém respeitaria normalmente e mesmo com farda, com muita dificuldade.
Eu sei que as coisas têm vindo a mudar.
Mas têm mudado devagarinho, desesperantemente devagarinho.
Eu já recorri aos serviços da GNR e tenho uma proporção de 50% em eficácia.
O que não é mau.
Mas tenho muitas outras histórias, de testemunho directo ou por interposta pessoa, de coisas muito tristes, de muita falta de brio profissional, de falta de sentido ético da função.
E isso não se pode justificar com falta de meios.
Ou se tem, ou não se tem, não é o Governo que oferece.
Os agentes das forças de segurança têm uma função fundamental na nossa sociedade.
Devem ser respeitados e devem saber fazer-se respeitar.
Não devem esperar que "a coisa passe" para aparecerem quando já não há problemas.
E não devem abusar do seu poder e autoridade quando estão perante quem é mais fraco ou vulnerável.
E, infelizmente nem sempre os exemplos são os melhores.
Por isso, a segurança nas comunidades em que vivemos, desarticuladas, desenraízadas, sem modelos exemplares a seguir, sem um sentido cívico mediano, só se pode construir mediante o comportamento de todos nós, o respeito pelos outros, tudo enquadrado com a existência de forças de segurança eficazes e cumpridoras, que sabem ao que andam.
Agora se a esquadra está na Moita, na Barra Cheia, em Alhos Vedros, no Vale da Amoreira ou na Baixa da Banheira, tanto me faz.
Isto fica tudo perto.
Chega a tempo quem quer.
Age quem não se esquiva.
E o resto é fruta da época.

AV1

Sem comentários: