terça-feira, abril 12, 2005

Liberdade de Ensino - Réplica de Al

Como o texto incluído na caixa de comentários é longo e merece destaque, par continuarmos a discussão, fica a qui a resposta de Al ao nosso post. A nossa tréplica chegará daqui a um par de dias.

Aqui vai a resposta esperada: na verdade, o post assenta num princípio que, na minha opinião, não é o que está em causa. Porque a ênfase é dada à qualidade ou não qualidade das escolas. E a questão não é essa. Uma escola de doutrina muçulmana pode ser excelente, ter óptimos profissionais, e no entanto, eu não gostaria de ter lá um filho meu. Não porque condene os Muçulmanos. Apenas porque não são esses princípios que eu gostaria de inculcar aos meus filhos. O mesmo se passaria em relação a uma escola de excelentes profissionais de extrema esquerda ou de extrema direita que veiculassem ideologias neo-nazis ou de índole marxista. A questão que se coloca é outra. As escolas públicas veiculam um ensino que obedece a determinados princípios e valores. Porque é que eu tenho de ser obrigado a aceitar esses princípios e valores para a educação dos meus filhos? Se tiver dinheiro posso colocá-los numa escola privada; se não tiver, não posso. Isto não é liberdade de ensino. Somos obrigados a engolir o que o Estado nos diz que é bom? Vamos lá então acabar com a SIC, a TVI e todos os canais por cabo (chega a televisão do Estado); e com as rádios (chega a Antena 1...e 2... e 3). E com a pluralidade de opiniões. A questão não é a de que as escolas públicas são más e as privadas são boas. A questão é que eu devo ter direito (não apenas teórico, mas prático) e escolher o modelo de ensino que quero para os meus filhos. Não porque não respeite os outros modelos. Apenas porque, enquanto principal educador dos meus filhos, exijo que a escola seja o complemento da educação que lhes tento incutir. E não o oposto (como acontece muitas vezes).

Parte II: uma das ideias que hoje está na moda, é a de que a escola não deve transmitir valores que não sejam universalmente aceites. Como não há valores universalmente aceites, entramos então num sistema em que a escola se deveria limitar a ser de tal forma "objectiva" que só ensinaria factos (o professor seria um instrutor). Eu acredito que, mais importante que ser um instrutor, o professor deve ser um educador. Mais importante do que os meus filhos saberem que morreram n milhões de judeus às mãos dos nazis, e que a 2ª Guerra Mundial começou no dia x e acabou no dia y, é que eles percebam a monstruosidade que foi Hitler e a doutrina nazi; e que conheçam a outra monstruosidade que foi Estaline e a doutrina soviética. Eu não quero para os meus filhos professores inertes, politicamente correctos. Quero gente apaixonada, capaz de lhe incutir princípios, virtudes, valores, o que lhes queiram chamar. Quais valores? Aqueles que eu considero que são os mais correctos. Não renego o meu papel de primeiro educador. Porque acredito que não me devo preocupar com o bem físico dos meus filhos, mas também com o seu bem moral. E quero uma escola que esteja do meu lado. Não quero apenas escolas que defendam os meus valores. Quero escolas que me ajudem, e outras que ajudem outras pessoas que pensam de forma diferente da minha. Liberdade de ensino. E isso não passa por uma ideologia pública onde tudo é igual. Quando os meus filhos chegarem a uma idade adulta, quero que eles escolham o seu caminho pela sua cabeça. Mas enquanto estão a formar a sua personalidade, quero que o caminho seja moldado de forma a que possam ser, não apenas excelentes alunos, mas, sobretudo excelentes pessoas. E isso não se faz sem uma escola que inculque valores, a par das famílias.

Al

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